A área da cardiologia é sempre marcada por muitas novidades e 2024 não foi diferente. Tivemos excelentes estudos apresentados nos principais congressos, como o do American College of Cardiology, da American Heart Association e da Sociedade Europeia de Cardiologia, além de diversas novas diretrizes publicadas. Reunimos as principais publicações do ano neste artigo. Confira!
Insuficiência cardíaca
Estudos sobre tratamento de doenças clássicas, como insuficiência cardíaca (IC), continuaram surgindo com novidades. Agora temos mais opções para tratamento de pacientes com IC com fração de ejeção preservada (FEP) e obesidade: houve benefício dos antidiabéticas orais semaglutida e tirzepatida nesse grupo.
- ACC 2024: Semaglutida em pacientes diabéticos com ICFEp e obesidade
- AHA 2024: Tirzepatida na insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada
Também foi visto benefício do uso do antagonista do receptor mineralocorticoide não hormonal, finerenone, que levou a redução de desfechos quando utilizada por pacientes com ICFEP ou IC com fração de ejeção levemente reduzida, independente da presença de diabetes e de doença renal crônica.
Por fim, em relação a IC com fração de ejeção reduzida (FER), tivemos um estudo bastante interessante que avaliou se o uso de ciclossilicato de zircônio sódico, que reduz o potássio sérico, poderia levar a maior tolerabilidade da espironolactona, muitas vezes não utilizada pela ocorrência de hipercalemia. E os resultados também foram positivos: quem usou a medicação tolerou mais a espironolactona, que sabidamente reduz desfechos na ICFER.
Arritmias
Em relação às arritmias tivemos novidades no tratamento de pacientes com taquicardia ventricular em um estudo que comparou ablação por cateter e antiarrítmicos.
Na subárea da fibrilação atrial (FA), tema sempre frequente, também tivemos novidades, com um estudo que avaliou o início da anticoagulação precoce comparada a tardia pós-acidente vascular cerebral associado à FA e um outro que avaliou se a oclusão do apêndice atrial após ablação da FA poderia ser uma alternativa à anticoagulação, com resultados animadores.
Síndrome coronariana aguda
No contexto da doença coronariana tivemos estudos que avaliaram a utilização de medicações já bastante conhecidas e utilizadas para outras doenças: a espironolactona e colchicina. Porém, os resultados não mostraram benefício dessas medicações nos pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM). A empagliflozina, um iSGLT2 também foi avaliada em pacientes com IAM e, como as medicações anteriores, não mostrou resultado positivo.
- AHA 2024: Espironolactona tem benefício no infarto?
- AHA 2024: Colchicina tem benefício em pacientes com infarto?
- ACC 2024: Estudo EMPACT-MI avalia se há benefício de iSGLT2 pós-infarto
Ainda no cenário de síndrome coronariana aguda, alguns avaliaram o efeito dos betabloqueadores (BB), medicação comumente prescrita nessa situação. A recomendação desta classe vem de décadas atrás, quando o tratamento do IAM ainda era bastante limitado e não havia a disponibilidade dos antiagregantes, hipolipemiantes e da tecnologia associada aos stents dos dias atuais. Esses estudos mostraram que parece não haver benefício em se iniciar a medicação e, quando já está em uso, suspender ou manter resulta nos mesmos eventos.
- Manter ou suspender betabloqueador após IAM?
- ACC 2024: Devemos utilizar betabloqueador após infarto?
No contexto da coronariopatia crônica, estável, tivemos um estudo interessante que avaliou a realização de angioplastia preventiva nos pacientes com placas ateroscleróticas vulneráveis e os resultados mostraram benefício da intervenção.
Cardio-oncologia
Uma subárea da cardiologia que vem ganhando espaço é a da cardio-oncologia. Neste ano tivemos diversas publicações relacionadas com cardiotoxicidade que avaliaram medicações com potencial de preveni-la: iSGLT2, estatinas e enalapril, por exemplo.
- iSGLT2 previne cardiotoxicidade em pacientes com câncer e diabetes?
- Uso de estatinas na prevenção de cardiotoxicidade por antraciclinas
- Rosuvastatina tem efeito cardioprotetor na quimioterapia por câncer de mama?
- ACC 2024: Enalapril previne cardiotoxicidade por antraciclinas?
Tivemos diversos outros estudos interessantes nas áreas de hipertensão, valvopatia e perioperatório, com resultados que ajudaram a responder algumas perguntas do dia a dia do cardiologista.
- ACC 2024: TAVI ou cirurgia para estenose aórtica no paciente de baixo risco?
- AHA 2024: Vale a pena controlar a pressão arterial de forma mais intensiva na DM2?
- ESC 2024: Suspender ou não os inibidores renina-angiotensina no pré-operatório?
Por fim, tivemos diversas diretrizes de assuntos extremamente importantes publicadas, tanto internacionais como brasileiras.
- Nova diretriz avaliação pré-operatória AHA Avaliação perioperatória de cirurgias não cardíacas: nova diretriz brasileira
- CBC 2024: Diretriz brasileira tomografia e ressonância magnética cardiovascular
- CBC 2024: Diretriz de miocardiopatia hipertrófica – destaques dos autores
- CBC 2024: Diretriz brasileira de saúde cardiovascular no climatério e menopausa
- Consenso Europeu de obesidade e doença cardiovascular
- ESC 2024: Um resumo sobre as quatro novas diretrizes apresentadas
- ACC: nova diretriz para insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida
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