Outra diretriz apresentada e discutida no Congresso Brasileiro de Cardiologia (CBC 2024) abordou a saúde cardiovascular em mulheres durante o climatério e menopausa.
Menopausa e climatério na América Latina
Dos dados gerais sobre o tema, podemos destacar:
- Média idade: 47 anos.
- 60% das mulheres têm sintomas vasomotores (alterações do sono, dor muscular, disfunção sexual).
Relação entre climatério e menopausa e as doenças cardiovasculares
Principais efeitos do estrogênio no vaso:
- Antioxidante e anti-inflamatório;
- Aumento do óxido nítrico;
- Redução da aterosclerose, diminuição de injúria vascular.
Além disso, sem estrogênio, há mais predisposição à obesidade, resistência insulínica, inflamação, aterosclerose, redução da saúde endotelial.
A doença arterial coronariana é a principal causa de morte nas mulheres após a menopausa.
Os palestrantes destacaram a falta de informações sobre o assunto. Cerca 70% dos médicos recém-formados não têm conhecimento sobre conceitos específicos de doença cardiovascular nas mulheres e apenas 42% dos cardiologistas estão preparados para estimar o risco cardiovascular das mulheres.
Nesse momento, foi ressaltado que a menopausa precoce (ou seja, antes dos 45 anos) é um importante fator de risco cardiovascular e que quanto mais precoce, maior o risco.
Após a menopausa, as mulheres estão mais predispostas ao desenvolvimento de diabetes. Isso se deve pelo aumento da gordura abdominal, resistência insulínica, sedentarismo e aumento de peso. O que piora esse contexto é que apenas 7% das mulheres de meia idade fazem atividade física recomendada e menos de 20% dessas mulheres mantêm dieta saudável.
Assim, as palestrantes demonstraram que monitorar a saúde na meia idade representa uma janela crítica para atuar na prevenção de fatores risco cardiovasculares.

Evidências contemporâneas sobre THM
Antes de se pensar em terapia de reposição hormonal (THM), é fundamental estratificar o risco cardiovascular da paciente e estabelecer as metas terapêuticas. Não esquecer da prescrição de estatinas para as mulheres que tiverem LDL fora do alvo.
Para quem indicar THM? Para todas as mulheres sintomáticas e que não tenham contraindicações.
Qual o objetivo? Melhorar a qualidade de vida.
O início da THM deve ser antes dos 60 anos de idade e/ou dentro de dez anos após a menopausa. Fora dessa janela de oportunidade, a prescrição de THM é proscrita, pois pode aumentar o risco cardiovascular da paciente.
Não há idade ou duração máxima pré-estabelecida para uso da THM, devendo a decisão de continuar ou interromper a THM ser baseada na manutenção das indicações e na ausência de mudanças de riscos.
Contraindicações para THM

O fluxograma a seguir resume as principais indicações, contraindicações e quais os exames necessários antes da prescrição da THM:

Mensagens finais:
- A SBC recomenda a favor da adoção de THM para as mulheres climatéricas sintomáticas sem contraindicações (recomendação forte, nível de certeza alto);
- A THM consiste na administração de hormônios sexuais os quais devem ser individualizados de acordo com os riscos e benefícios de cada mulher. As várias formulações, doses e vias de administração têm alta eficácia no alívio de sintomas do climatério;
- A THM deve ser iniciada na “janela de oportunidade”, ou seja, nos primeiros dez anos após o início da menopausa;
- Iniciar THM após dez anos do início da menopausa ou após os 60 anos de idade pode elevar o risco absoluto de doença coronariana, tromboembolismo venoso e acidente vascular cerebral;
- Não há indicação de THM com o objetivo de prevenção primária cardiovascular.
Confira todo os destaques do CBC 2024!
Autoria

Juliana Avelar
Médica formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Cardiologista pelo Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia
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