Logotipo Afya
Anúncio
Cardiologia31 agosto 2024

ESC 2024: Suspender ou não os inibidores renina-angiotensina no pré-operatório?

Estudos prévios demonstraram que o uso de ISRA no perioperatório aumentam do risco de hipotensão e complicações cardiovasculares maiores.

Mais de 300 milhões de cirurgias não-cardíacas são feitas no mundo e elas são a terceira causa de morte. Um a cada quatro pacientes que passam por cirurgia não-cardíaca estão em tratamento com os inibidores do sistema renina-angiotensina (ISRA), tanto bloqueadores do receptor de angiotensina II (BRA) quanto inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA). Estudos prévios demonstraram que o uso de ISRA no perioperatório aumentam do risco de hipotensão e complicações cardiovasculares (CV) maiores. O estudo POISE-3, por exemplo, demonstrou que a estratégia de evitar hipertensão perioperatória mantendo os ISRA aumentou o risco de hipotensão, porém esta foi apenas no intraoperatório. Mas será que esta hipotensão estaria acompanhada de aumento de eventos cardiovasculares e/ou complicações moires? 

fármacos

O estudo STOP-or-NOT

O STOP-or-NOT trial, foi um estudo multicêntrico randomizado com mais de 2200 pacientes, metade para o grupo manutenção de ISRA e a outra para o grupo suspensão de ISRA três dias antes da cirurgia. O desfecho primário foi um composto de mortalidade por todas as causas e complicações maiores (sepse, eventos cardiovasculares, complicações respiratórias, injúria renal aguda, admissão não planejada em UTI e reintervenção cirúrgica) até 28 dias após a cirurgia.  Os desfechos secundários foram: eventos cardiovasculares no pós-operatório, hipotensão exigindo vasopressores e duração média da hipotensão.  

As taxas de eventos quanto ao desfecho primário em ambos os grupos foram de 22% (RR 1.02, IC95% 0.83-1.25), não havendo diferença estatística quanto aos eventos também individualmente. Já em relação aos desfechos secundários, não houve diferença significante a respeito de eventos cardiovasculares no pós-operatório (RR 1.01, IC95% 0.69-1.47) e houve maior taxa hipotensão exigindo vasopressores no grupo manutenção de ISRA (RR 1.31, IC95% 1.19-1.44). Além disso, a duração média da hipotensão foi de 6 minutos no grupo suspensão e de 9 minutos no grupo manutenção (média de 4, IC95% 2-6).  

Este estudo confirma os dados prévios de que a manutenção de ISRA no perioperatório aumenta o risco de hipotensão, porém isso não se reflete em complicações maiores. Além disso, a duração da hipotensão é por poucos minutos e a maioria dos pacientes terá boa tolerância hemodinâmica. O maior destaque deste estudo é simplificar o cuidado perioperatório pois as duas estratégias implicam na mesma taxa de eventos clínicos. Cabe ao médico individualizar se seu paciente teria boa tolerância a hipotensão intraoperatória ou não. 

Confira todos os destaques do ESC 2024! 

Autoria

Foto de Sara Del Vecchio Ziotti

Sara Del Vecchio Ziotti

Graduação em Medicina e Clínica médica pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo Cardiologia pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Cardiologia