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Cardiologia17 novembro 2024

AHA 2024: Tirzepatida na insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada

Um estudo apresentado durante o congresso comparou os desfechos primários de pacientes obesos em uso de tirzepatida com placebo. Confira os resultados.

A maioria dos pacientes com insuficiência cardíaca (IC) e fração de ejeção preservada (FEP) também tem obesidade e o risco de IC aumenta com o aumento do índice de massa corporal (IMC), sendo que a perda de peso tem benefício nessa população.  

Dois estudos recentes avaliaram o uso da semaglutida em pacientes com ICFEP e obesidade e mostraram que o análogo do GLP-1 levou a redução de sintomas e eventos cardiovasculares adversos. Assim, foi feito um novo estudo, o SUMMIT, apresentado no primeiro dia do congresso da American Heart Association, que avaliou o uso da tirzepatida, um agonista dos receptores GIP e GLP-1 em pacientes com ICFEP e obesidade. 

O objetivo do estudo foi avaliar o efeito da medicação em relação a piora de IC, status de saúde e capacidade funcional. Os principais pontos do estudo encontram-se abaixo.  

Métodos do estudo e população envolvida 

Foram incluídos pacientes ≥ 40 anos em classe funcional II a IV da New York Heart Association (NYHA), fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) ≥ 50% e IMC ≥ 30kg/m2. Além disso, a distância de caminhada em 6 minutos deveria estar entre 100 e 425m, o escore KCCQ-CSS (que avalia qualidade de vida) < 80 e deveria haver pelo menos um dos seguintes: NTpróBNP > 200pg/mL, aumento do átrio esquerdo ou aumento das pressões de enchimento. Os pacientes também deveriam ter tido pelo menos uma descompensação no último ano ou ter taxa de filtração glomerular reduzida. 

Os pacientes eram randomizados para receber tirzepatida na dose de 2,5mg, via subcutânea, 1x por semana, ou placebo. A dose da medicação era aumentada a cada 4 semanas até o total de 15mg por semana em 20 semanas.  

Os desfechos primários eram morte por causas cardiovasculares ou piora da IC e mudança do escore KCCQ-CSS. Piora da IC foi considerado como necessidade de internação, necessidade de diurético endovenoso na emergência ou intensificação de diurético via oral. 

Resultados  

Foram incluídos 731 pacientes de 9 países, sendo 364 no grupo tirzepatida e 367 no grupo placebo. As características de base eram semelhantes entre os grupos, que tinham idade média de 65,2 anos, 53,8% eram do sexo feminino e o IMC médio de 38,3kg/m2. A escala KCCQ-CSS inicial foi de 53,5 pontos e a distância no teste de caminhada de 6 minutos de 302,8 metros. 

Ao final do seguimento médio de 104 semanas, houve redução do desfecho primário em 38% no grupo tirzepatida, que teve morte por causas cardiovasculares ou piora de IC em 9,9% comparado a 15,3% no grupo placebo (HR 0,62; IC95% 0,41-0,95; p = 0,026).  

O aumento do escore KCCQ-CSS foi maior no grupo tirzepatida comparado ao placebo (19,5 pontos comparado a 12,7 pontos, p < 0,001). Além disso, a mudança no peso foi de -13,9% e – 2,2%, o aumento da distância de caminhada em 6 minutos de 26m e 10,1m e a redução do PCR ultra-sensível de -38,8% e -5,9% respectivamente nos grupos tirzepatida e placebo. 

Comentários e conclusão 

Este estudo mostrou menor risco do desfecho primário em pacientes que utilizaram a tirzepatida comparado ao placebo em um seguimento médio de 2 anos, principalmente quando avaliados eventos de piora de IC que resultaram em internação ou necessidade de diurético endovenoso.  

Esse benefício ocorreu em paralelo a melhora do status de saúde, da redução de peso e de marcadores inflamatórios. Os resultados foram semelhantes aos encontrados com a semaglutida. 

A ocorrência de sintomas gastrointestinais foi comum, porém com melhora ao longo do tempo e a ocorrência eventos adversos graves foi semelhante entre os grupos. A mortalidade por todas as causas ou por causas cardiovasculares foi baixa e a maior parte não foi precedida de sintomas de piora de IC. 

O efeito da tirzepatida muito provavelmente está associado a redução da massa de gordura, reduzindo a expansão do volume plasmático e a resposta inflamatória que tem relação com a ICFEP. Assim, parece que temos mais uma opção para tratamento da ICFEP associada a obesidade.  

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