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Cardiologia17 novembro 2024

AHA 2024: Espironolactona tem benefício no infarto?

Confira os resultados que foram apresentados durante o congresso sobre o estudo CLEAR, que comparou o uso de espironolactona e colchicina em pacientes com IAM.

Sabemos que o uso de inibidores do sistema renina angiotensina tem benefício no paciente com infarto agudo do miocárdio (IAM) e inibidores de aldosterona, como eplerenone, já mostraram benefício nos pacientes com IAM que evoluem com insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER), porém, ainda é incerto se há benefício da medicação no IAM em geral. 

Um estudo com mais de 1500 pacientes não mostrou benefício com uso rotineiro de espironolactona, porém parece que houve redução de mortalidade no subgrupo de pacientes com IAM com supradesnivelamento do segmento ST (IAM SST). Isso levou à realização de um novo estudo CLEAR trial, apresentado neste congresso da American Heart Association. 

Métodos do estudo

Foi estudo com desenho fatorial 2×2, internacional, multicêntrico, prospectivo, randomizado e placebo controlado, que testou espironolactona e colchicina em pacientes com IAM. Aqui estão os dados sobre a espironolactona. 

Os critérios de inclusão eram pacientes com IAM SST submetidos a angioplastia e pacientes com IAM sem supradesnivelamento do segmento ST (IAM SSST) extenso submetidos a angioplastia e que tivessem pelo menos mais um dos seguintes: fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE) ≤ 45%, diabetes, doença coronária multiarterial, IAM prévio ou idade > 60 anos. 

Os pacientes eram randomizados em 4 grupos para receber espironolactona e colchina, colchicina e placebo, espironolactona e placebo ou placebo apenas. A dose de colchicina era 0,5mg 1x ao dia e de espironolactona 25mg 1x ao dia. 

Os desfechos primários de eficácia eram compostos por morte por causas cardiovasculares ou IC nova ou piora de IC, avaliados como número total de eventos, e primeira ocorrência de IAM, acidente vascular encefálico (AVE), IC nova ou piora de IC e morte por causas cardiovasculares, avaliadas por análise de tempo para o evento. 

Os desfechos de segurança eram hipercalemia, morte por causa renal, diálise, transplante renal ou queda sustentada da taxa de filtração glomerular (TFG) de pelo menos 40%. 

Resultados  

Foram incluídos 7062 pacientes de 14 países, sendo 3537 no grupo espironolactona e 3525 no grupo placebo. As características dos pacientes eram semelhantes entre os grupos, com idade média de 61 anos, 20,4% do sexo feminino, 9% com IAM prévio, 0,8% com história de IC e 18,5% com diabetes. A maioria (95,1%) teve IAM SST. 

O seguimento médio foi de 3 anos e 28% dos pacientes do grupo espironolactona e 24,4% do grupo placebo suspenderam a medicação no seguimento. Para o primeiro desfecho primário não houve diferença entre os grupos, com ocorrência de 183 eventos no grupo espironolactona e 220 no grupo placebo.  Em relação ao segundo desfecho primário, a ocorrência foi de 280 eventos no grupo espironolactona e 294 no grupo placebo, também sem diferença. Não houve efeito da colchicina nos resultados. 

Também não houve diferença nos desfechos secundários e a ocorrência de hipercalemia e ginecomastia foi maior no grupo espironolactona. Os outros desfechos de segurança foram semelhantes entre os grupos. 

Comentários e conclusão  

Algumas limitações deste estudo foram a grande taxa de suspensão da medicação, a baixa representatividade das mulheres e a menor taxa de eventos que a esperada, que pode refletir a melhora no tratamento do IAM com intervenção e outros tipos de medicação.  

Porém, os resultados são condizentes com os de outros estudos, mostrando que não há benefício da espironolactona em pacientes com IAM comparado ao placebo no seguimento de três anos. 

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Referências bibliográficas

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