Nas últimas duas décadas, houve uma diminuição da sepse tardia em prematuros nos países de primeiro mundo. Porém, essa ainda continua a ser uma causa substancial de morbidade e mortalidade, especialmente entre recém-nascidos com idade gestacional extremamente baixa (≤ 28 semanas) (IGEB). O diagnóstico suspeito e o tratamento empírico estão associados à redução da mortalidade.
O objetivo de um estudo da Duke University apresentando na AAP Experience 2021, congresso da American Academy of Pediatrics, foi de definir a frequência atual da sepse tardia em recém-nascidos ≤ 28 semanas e caracterizar a terapia empírica.
Sepse tardia em prematuros
Métodos: estudo de coorte de recém-nascidos de IGEB que receberam alta de mais de 400 unidades de terapia intensiva neonatal do Pediatrix Medical Group de 2009 a 2018, excluindo bebês com anomalias congênitas, alta ou falecida antes do segundo dia de vida ou admitidos após o segundo dia de vida.
A avaliação de sepse de início tardio foi definida como hemocultura obtida após o segundo dia de idade pós natal, ≥1 dia após uma cultura negativa e ≥10 dias de uma cultura positiva. Avaliamos a porcentagem de bebês que iniciaram o uso de antimicrobianos empíricos no momento da avaliação. Estatísticas descritivas e comparativas foram calculadas para cada objetivo.
Resultados
De 47.187 bebês incluídos, 31.457 (67%) tiveram mais que 1 avaliação de sepse tardia e 6720 (21%) tiveram mais que um episódio de sepse de início tardio. A porcentagem de lactentes avaliados e positivos para a sepse foi maior no início da idade gestacional. A variação do número médio de avaliações por bebê por centro variou de 1,3 a 3,9, com variação de porcentagem positiva de 0% a 24%. O maior número de avaliações de sepse ocorreu no sétimo dia de vida. Um máximo de 16% de positividade ocorreu no décimo dia de vida e diminuiu com o aumento da idade pós-natal.
Em comparação com as avaliações negativas, as avaliações positivas foram mais prováveis de ocorrer com bebês em uso de inotrópico (15% vs 9%) e ventilação mecânica invasiva (66% vs 51%). Uma porcentagem maior de bebês com avaliações positivas iniciaram com antimicrobianos empíricos em comparação com bebês com culturas negativas (95% vs 73%). Da mesma forma, mais uso empírico de antifúngicos ocorreu nas avaliações positivas (27% vs 19%).
As escolhas de antimicrobianos empíricos mais prevalentes foram: vancomicina (51%), gentamicina (48%), fluconazol (18%) e ampicilina (14%).
Conclusão
Entre os prematuros de idade gestacional extremamente baixa, a idade gestacional mais precoce e a idade pós-natal estiveram associadas à avaliação do tempo de permanência prolongada e culturas positivas. A maioria dos bebês submetidos à avaliação para sepse tardia iniciou tratamento com antibióticos empíricos.
Estudos adicionais são necessários para avaliar a eficácia e utilidade das práticas atuais para avaliação de tempo de permanência e tratamento empírico.
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