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Infectologia29 maio 2025

O papel da sorologia pré-transplante de órgãos sólidos 

A triagem do doador e do candidato através da sorologia pré-transplante é vital para otimizar os resultados pós-transplante.
Por Raissa Moraes

Antes de um transplante de órgãos sólidos, devem ser realizados diversos procedimentos que visam adquirir informações que vão embasar a nossa tomada de decisão com relação a utilizar determinado órgão ou tecido. Dentre esses procedimentos está a coleta de sorologias que visam identificar doenças transmissíveis.  

As sorologias que devem ser coletadas do doador são: 

  • Anti-HIV; 
  • HTLV I e II; 
  • HBsAg, anti-HBc total, anti-HBS,  
  • Anti-HCV, 
  • VDRL, 
  • Doença de Chagas, 
  • Epstein-Barr, 
  • Toxoplasmose, 
  • Citomegalovírus, 
  • Malária (em regiões endêmicas) 

No Brasil, as contraindicações absolutas com relação a doença transmissível são: 

  • Sepse refratária, 
  • Sorologia positiva para HIV, 
  • Sorologia positiva para HTLV I e II, 
  • Neoplasias, com exceção de carcinoma basocelular da pele, carcinoma in situ do colo uterino, alguns tumores primários do SNC, 
  • Tuberculose em atividade, 
  • Infecções virais e fúngicas graves, exceto hepatites B e C. 

No Brasil é contraindicado a utilização de órgãos ou tecidos de doadores com sorologia positiva para HIV ou HTLV I e II. Infecções virais agudas (rubéola, raiva, adenovírus, parvovírus, enterovírus e outros) também contraindicam a doação.  

Apesar de apresentarem potencial de transmissão no transplante, têm sido utilizados órgãos de pacientes com infecções virais em muitos casos. Por exemplo, na África do Sul, Estados Unidos e Suíça, o transplante é realizado para receptores que também são positivos para HIV e/ou HTLV I e II. Outro caso são os doadores com evidência de infecção pelo vírus da hepatite B resolvida (anti-HBc total e anti-HBs reagentes) que podem doar para portadores do vírus ou imunizados (anti-HBs reagente isoladamente) com risco mínimo de transmissão ou reativação quando utilizada profilaxia viral específica.  

Sorologias positivas para CMV, herpes simples e Epstein-Barr não contraindicam o transplante, mas servem para nos guiar quanto as medidas preventivas que teremos que tomar após o transplante.  

A tuberculose em atividade contraindica a doação e vale destacar que existem vários casos descritos de transmissão de doença aos receptores quando não havia indícios de tuberculose no doador. Por isso, a investigação de infecção latente, seja por PPD ou IGRA, pode orientar medidas preventivas no receptor. Além disso, se o potencial doador estiver em tratamento regular por pelo menos dois meses, os órgãos podem ser utilizados.  

A sífilis é outra infecção bacteriana que pode estar latente ou assintomática no doador com potencial de transmissão no transplante e, por isso, a necessidade de solicitação do rastreio sorológico. Em casos positivos, deve ser feito o tratamento adequado do receptor após o transplante.   

Com relação a toxoplasmose, há o risco de transmissão especialmente no transplante de coração e, nesse caso, o transplante passa a ser contraindicado. Entretanto, para os demais órgãos, a profilaxia com sulfa funciona como prevenção. Órgãos de doador positivo para Doença de Chagas podem ser considerados para doação tanto para receptores soropositivos quanto para soronegativos. Nesses casos devemos monitorar de perto o paciente para detectar precocemente doença aguda.

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Referências bibliográficas

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