O número de casos de sífilis vem crescendo no Brasil e no mundo. Além dos prejuízos individuais causados pela infecção, casos de sífilis podem levar a complicações, especialmente na gestação, podendo levar a casos de sífilis congênita. Por esse motivo, é importante fazer o diagnóstico e tratamento adequado de forma o mais precoce possível. Por sua vez, para isso é necessário entender os resultados dos exames diagnósticos e classificar adequadamente o estágio da infecção.
Classificação dos estágios da sífilis
Os quadros de sífilis adquirida podem ser classificados em relação ao tempo de evolução e às manifestações clínicas. Assim, podemos ter:
- Sífilis recente (primária, secundária e latente recente): até um ano de evolução
- Sífilis tardia (sífilis latente tardia e terciária): mais de um ano de evolução
Estágios de sífilis adquirida | Manifestações clínicas |
Sífilis primária | Úlcera genital, linfonodos regionais |
Sífilis secundária | Lesões cutâneo-mucosas com diversas manifestações (roséloa, placas mucosas, sifílides papulosas, sifílides palmoplantares, condiloma plano, alopecia em clareira, madarose, rouquidão), micropoliadenopatia, linfadenopatia generalizada, sinais e sintomas constitucionais, quadros neurológicos, oculares ou hepáticos |
Sífilis latente recente | Assintomática |
Sífilis latente tardia | Assintomática |
Sífilis terciária | Lesões gomosas e nodulares de caráter destrutivo, periostite, osteíte gomosa ou esclerosante, artrites, sinovites e nódulos justa-articulares, estenose de coronárias, aortite e aneurisma de aorta (principalmente porção torácica), meningite, gomas em cérebro e medula |
Testes diagnósticos
Os testes diagnósticos para sífilis são divididos em testes treponêmicos e não treponêmicos. Além dos antígenos em que se baseiam, há diferença em suas interpretações.
Os testes treponêmicos detectam anticorpos específicos produzidos contra antígenos do Treponema pallidum. São os primeiros testes a se tornarem positivos, podendo permanecer positivos por toda a vida. Por esse motivo, são ferramentas diagnósticas, mas não são adequados para acompanhamento de resposta ao tratamento.
Os testes treponêmicos mais comuns são os testes rápidos e FTA-Abs. Outros exemplos são testes de aglutinação (TPHA, TPPA e MHA-TP) e ensaios imunoenzimáticos (ELISA e CMIA).
Já os testes não treponêmicos detectam anticorpos anticardiolipina, não específicos para antígenos de T. pallidum. Esses testes podem ser utilizados para fazer o diagnóstico e para o acompanhamento pós-terapia e controle de cura. Entretanto, como não são específicos, falso-positivos podem ocorrer na presença de algumas condições, como doenças reumatológicas.
Os principais testes não treponêmicos disponíveis no Brasil são o VDRL, RPR e USR. O teste TRUST é outro exemplo de teste não treponêmico.
Assim, o papel dos testes diagnósticos para sífilis pode ser resumido da seguinte forma:
Teste | Exemplo | Utilização |
Teste treponêmico | TR, FTA-Abs, ensaios imunoenzimáticos | Diagnóstico |
Teste não treponêmico | VDRL, RPR, TRUST, USR | Diagnóstico e acompanhamento |
Atualmente, o fluxo mais recomendado é a solicitação inicial de um teste treponêmico, seguido, caso o resultado seja reagente, de um teste não treponêmico.
É importante estar atento porque, além dos testes treponêmicos, os testes não treponêmicos podem permanecer positivos em baixos títulos mesmo após tratamento adequado e cura. Esse fenômeno é conhecido como cicatriz sorológica. Por esse motivo, deve-se procurar investigar histórias prévias de tratamento e possíveis exposições e re-exposições.
Teste inicial | Teste complementar | Possíveis interpretações |
Treponêmico: reagente | Não treponêmico: reagente | Diagnóstico de sífilis
Cicatriz sorológica (tratamento anterior documentado com queda de pelo menos 2 diluições no acompanhamento) |
Treponêmico: reagente | Não treponêmico: não reagente | Recomendado solicitar outro teste treponêmico, de metologia diferente:
Se não for possível fazer outro teste, deve-se avaliar exposição e manifestações clínicas para definir conduta |
Não treponêmico: reagente | Treponêmico: reagente | Diagnóstico de sífilis
Cicatriz sorológica |
Não treponêmico: reagente | Treponêmico: não reagente | Recomendado solicitar outro teste treponêmico, de metodologia diferente:
Se não for possível fazer outro teste, deve-se avaliar exposição e manifestações clínicas para definir conduta |
Não treponêmico ou treponêmico: não reagente | Não realizar | Ausência de infecção ou período de incubação de sífilis recente (janela imunológica) |
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.