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Infectologia30 maio 2025

Exames diagnósticos e de acompanhamento de sífilis 

Segundo os dados do Ministério da Saúde, entre 2010 e junho de 2024, foram registrados 1.538.525 casos de sífilis adquirida, com uma taxa de detecção crescente desde 2021. 

O número de casos de sífilis vem crescendo no Brasil e no mundo. Além dos prejuízos individuais causados pela infecção, casos de sífilis podem levar a complicações, especialmente na gestação, podendo levar a casos de sífilis congênita. Por esse motivo, é importante fazer o diagnóstico e tratamento adequado de forma o mais precoce possível. Por sua vez, para isso é necessário entender os resultados dos exames diagnósticos e classificar adequadamente o estágio da infecção.

Classificação dos estágios da sífilis 

Os quadros de sífilis adquirida podem ser classificados em relação ao tempo de evolução e às manifestações clínicas. Assim, podemos ter: 

  • Sífilis recente (primária, secundária e latente recente): até um ano de evolução
  • Sífilis tardia (sífilis latente tardia e terciária): mais de um ano de evolução
Estágios de sífilis adquirida Manifestações clínicas  
Sífilis primária Úlcera genital, linfonodos regionais 
Sífilis secundária Lesões cutâneo-mucosas com diversas manifestações (roséloa, placas mucosas, sifílides papulosas, sifílides palmoplantares, condiloma plano, alopecia em clareira, madarose, rouquidão), micropoliadenopatia, linfadenopatia generalizada, sinais e sintomas constitucionais, quadros neurológicos, oculares ou hepáticos 
Sífilis latente recente Assintomática 
Sífilis latente tardia Assintomática 
Sífilis terciária Lesões gomosas e nodulares de caráter destrutivo, periostite, osteíte gomosa ou esclerosante, artrites, sinovites e nódulos justa-articulares, estenose de coronárias, aortite e aneurisma de aorta (principalmente porção torácica), meningite, gomas em cérebro e medula 

Exames diagnósticos e de acompanhamento de sífilis 

Imagem de freepik

Testes diagnósticos 

Os testes diagnósticos para sífilis são divididos em testes treponêmicos e não treponêmicos. Além dos antígenos em que se baseiam, há diferença em suas interpretações. 

Os testes treponêmicos detectam anticorpos específicos produzidos contra antígenos do Treponema pallidum. São os primeiros testes a se tornarem positivos, podendo permanecer positivos por toda a vida. Por esse motivo, são ferramentas diagnósticas, mas não são adequados para acompanhamento de resposta ao tratamento. 

Os testes treponêmicos mais comuns são os testes rápidos e FTA-Abs. Outros exemplos são testes de aglutinação (TPHA, TPPA e MHA-TP) e ensaios imunoenzimáticos (ELISA e CMIA). 

Já os testes não treponêmicos detectam anticorpos anticardiolipina, não específicos para antígenos de T. pallidum. Esses testes podem ser utilizados para fazer o diagnóstico e para o acompanhamento pós-terapia e controle de cura. Entretanto, como não são específicos, falso-positivos podem ocorrer na presença de algumas condições, como doenças reumatológicas. 

Os principais testes não treponêmicos disponíveis no Brasil são o VDRL, RPR e USR. O teste TRUST é outro exemplo de teste não treponêmico. 

Assim, o papel dos testes diagnósticos para sífilis pode ser resumido da seguinte forma: 

Teste Exemplo Utilização 
Teste treponêmico TR, FTA-Abs, ensaios imunoenzimáticos Diagnóstico 
Teste não treponêmico VDRL, RPR, TRUST, USR Diagnóstico e acompanhamento 

Atualmente, o fluxo mais recomendado é a solicitação inicial de um teste treponêmico, seguido, caso o resultado seja reagente, de um teste não treponêmico. 

É importante estar atento porque, além dos testes treponêmicos, os testes não treponêmicos podem permanecer positivos em baixos títulos mesmo após tratamento adequado e cura. Esse fenômeno é conhecido como cicatriz sorológica. Por esse motivo, deve-se procurar investigar histórias prévias de tratamento e possíveis exposições e re-exposições. 

Teste inicial Teste complementar Possíveis interpretações 
Treponêmico: reagente Não treponêmico: reagente Diagnóstico de sífilis 

Cicatriz sorológica (tratamento anterior documentado com queda de pelo menos 2 diluições no acompanhamento) 

Treponêmico: reagente Não treponêmico: não reagente Recomendado solicitar outro teste treponêmico, de metologia diferente: 

  • reagente: diagnóstico de sífilis ou de cicatriz sorológica 
  • não reagente: falso-reagente 

Se não for possível fazer outro teste, deve-se avaliar exposição e manifestações clínicas para definir conduta 

Não treponêmico: reagente Treponêmico: reagente Diagnóstico de sífilis 

Cicatriz sorológica 

Não treponêmico: reagente Treponêmico: não reagente Recomendado solicitar outro teste treponêmico, de metodologia diferente: 

  • reagente: diagnóstico de sífilis ou de cicatriz sorológica 
  • não reagente: falso-reagente 

 

Se não for possível fazer outro teste, deve-se avaliar exposição e manifestações clínicas para definir conduta 

Não treponêmico ou treponêmico: não reagente Não realizar Ausência de infecção ou período de incubação de sífilis recente (janela imunológica)  

 

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Referências bibliográficas

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