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Terapia Intensiva19 setembro 2022

CBMEDE 2022: Como planejar a intubação do paciente asmático grave?

No CBMEDE 2022, a emergencista Dra. Nicole Pin (Fortaleza-CE) abordou de forma prática o cenário da intubação do paciente asmático grave.

Por Filipe Amado

A conferência no CBMEDE 2022 foi iniciada com o seguinte alerta que observamos na prática clínica: “planeje não intubar”. É importante pensar em evitar ao máximo a intubação, pois o paciente piora depois. 

intubação em pacientes críticos

O que eu preciso fazer para não intubar esse perfil de paciente?

Na maioria das vezes, é a agudização da asma por algum fator desencadeante clássico. No entanto, não deixe passar outras causas. Podem ter outros diagnósticos que mimetizam asma. Pense em outros diagnósticos diferenciais como: anafilaxia, TEP, pneumonia ou obstrução de via aérea alta. 

Busque por sinais de gravidade

  • IOT ou VM prévia; 
  • Internação em um ano; 
  • Uso de corticoide EV; 
  • Má adesão ao tratamento; 
  • > um frasco de beta2 por mês.
  • Hipoxemia; 
  • Posição de tripé com ausculta silenciosa do tórax; 
  • Respiração paradoxal. 

Caso identifique sinais de gravidade, trate de forma agressiva. Considere o uso de Beta 2 agonista inalatório, Brometo de ipratrópio, corticoide sistêmico e sulfato de magnésio. 

Considere ainda nos casos refratários: beta 2 agonista parenteral, ketamina, VNI e até mesmo heliox. 

No entanto, se for preciso intubar, atente-se para o momento ideal e mantenha as medidas anteriores. O emergencista está diante de uma via aérea fisiologicamente difícil com dessaturação rápida, hiperinsuflação, obstrução distal, hiperreatividade; 

Método de intubação: Sequência Rápida de Intubação (SRI) x Sequência Prolongada de Intubação (SPI) 

  1. SRI será a primeira escolha;
  2. SPI pode ajudar.

A doutora Nicole abordou ainda os passos para a intubação desse perfil de pacientes. Além dos pontos habituais de cuidados na sequência de intubação, ressaltou: 

  • Utilize tubos de maior calibre, no mínimo 8,0 – já espera-se maior resistência da via aérea, logo quanto maior o calibre, menor será a resistência associada ao tubo. 
  • Já deixe a sedação contínua pós-IOT pronta para ser iniciada na bomba de infusão; 
  • Cabeceira elevada durante a pré-oxigenação; 
  • Reanimação volêmica deve ser considerada, assim como vasopressores se necessário; 
  • Preferência por indutores com propriedades broncodilatadoras, como propofol e ketamina. Preferência pelo rocurônio pelo tempo mais prolongado de bloqueio no pós-IOT;
  • Na avaliação pós-IOT, os objetivos devem ser minimizar pressões, deixar expirar e manter oxigenação. 

Em relação à ventilação mecânica, podemos tolerar hipercapnia e em relação à Pressão de Pico é importante ficar atento ao seu alarme. É o único alarme que aborta o ciclo respiratório do paciente. Devemos subir seu limite nos momentos iniciais da ventilação, até estabilização.

Autoria

Foto de Filipe Amado

Filipe Amado

Título de Especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB)⦁ Clinical Research Fellowship in Intensive Care Medicine – Hôpital Erasme (Université Libre de Bruxelles) ⦁ Médico Rotineiro do Serviço de Medicina Intensiva do Hospital São Domingos (São Luís-MA) ⦁ Presidente da Sociedade de Terapia Intensiva do Maranhão (SOTIMA/AMIB) - Biênio 2022/2023 ⦁ Social Media: @FilipeAmado

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