A conferência no CBMEDE 2022 foi iniciada com o seguinte alerta que observamos na prática clínica: “planeje não intubar”. É importante pensar em evitar ao máximo a intubação, pois o paciente piora depois.
O que eu preciso fazer para não intubar esse perfil de paciente?
Na maioria das vezes, é a agudização da asma por algum fator desencadeante clássico. No entanto, não deixe passar outras causas. Podem ter outros diagnósticos que mimetizam asma. Pense em outros diagnósticos diferenciais como: anafilaxia, TEP, pneumonia ou obstrução de via aérea alta.
Busque por sinais de gravidade
- IOT ou VM prévia;
- Internação em um ano;
- Uso de corticoide EV;
- Má adesão ao tratamento;
- > um frasco de beta2 por mês.
- Hipoxemia;
- Posição de tripé com ausculta silenciosa do tórax;
- Respiração paradoxal.
Caso identifique sinais de gravidade, trate de forma agressiva. Considere o uso de Beta 2 agonista inalatório, Brometo de ipratrópio, corticoide sistêmico e sulfato de magnésio.
Considere ainda nos casos refratários: beta 2 agonista parenteral, ketamina, VNI e até mesmo heliox.
No entanto, se for preciso intubar, atente-se para o momento ideal e mantenha as medidas anteriores. O emergencista está diante de uma via aérea fisiologicamente difícil com dessaturação rápida, hiperinsuflação, obstrução distal, hiperreatividade;
Método de intubação: Sequência Rápida de Intubação (SRI) x Sequência Prolongada de Intubação (SPI)
- SRI será a primeira escolha;
- SPI pode ajudar.
A doutora Nicole abordou ainda os passos para a intubação desse perfil de pacientes. Além dos pontos habituais de cuidados na sequência de intubação, ressaltou:
- Utilize tubos de maior calibre, no mínimo 8,0 – já espera-se maior resistência da via aérea, logo quanto maior o calibre, menor será a resistência associada ao tubo.
- Já deixe a sedação contínua pós-IOT pronta para ser iniciada na bomba de infusão;
- Cabeceira elevada durante a pré-oxigenação;
- Reanimação volêmica deve ser considerada, assim como vasopressores se necessário;
- Preferência por indutores com propriedades broncodilatadoras, como propofol e ketamina. Preferência pelo rocurônio pelo tempo mais prolongado de bloqueio no pós-IOT;
- Na avaliação pós-IOT, os objetivos devem ser minimizar pressões, deixar expirar e manter oxigenação.
Em relação à ventilação mecânica, podemos tolerar hipercapnia e em relação à Pressão de Pico é importante ficar atento ao seu alarme. É o único alarme que aborta o ciclo respiratório do paciente. Devemos subir seu limite nos momentos iniciais da ventilação, até estabilização.
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