Estamos acompanhando o CBMEDE 2022, que aconteceu em Florianópolis-SC. Além disso, hoje é o Dia do Emergencista, um momento super importante para a valorização de reconhecimento dessa nobre especialidade. Parabéns aos emergencistas!
O médico Hélio Penna Guimarães iniciou a mesa “O Multiverso da Emergência: What if?” abordando como ir além do ACLS no cenário da parada cardiorrespiratória (PCR). Foi pontuada a importância do ILCOR e suas sociedades afiliadas (AHA, ERC) na padronização e direcionamento das principais recomendações sobre o tópico.
Via aérea e ventilação
As práticas ventilatórias são bem heterogêneas ao longo dos centros. As evidências atuais não favorecem um dispositivo em relação ao outro de forma rotineira.
Compressões torácicas
- Compressões automáticas mecânicas em metanálise mostraram melhor eficácia de compressões. Problemas são os custos para implementação.
- Onde posicionar as mãos?
Primeiras discussões começaram em 2013. A posição habitual das mãos no centro do tórax talvez não seja a mais adequada pela compressão da via de saída do VE. A posição mais adequada é da localização a partir do apêndice xifóide. O ideal seria localizar com US. No entanto, os trabalhos validados são com ECO esofágico, com maior dificuldade para aplicação no cenário de emergência.
- Capnografia:
Metas são diferentes do 10 a 12 mmHg do ACLS. O valor da capnografia deve ser próximo de 20 mmHg para associação com maior taxa de retorno à circulação espontânea.
Estudo recente de grupo brasileiro embasou tal recomendação. A revisão sistemática incluiu 17 estudos observacionais, com um total de 6.198 pacientes.
Paiva EF, Paxton JH, O’Neil BJ. The use of end-tidal carbon dioxide (ETCO2) measurement to guide management of cardiac arrest: A systematic review. Resuscitation. 2018;123:1-7. doi:10.1016/j.resuscitation.2017.12.003
Outro ponto de novidade: mudança na frequência de compressões?
Em dados brutos, frequência de 50:2 começa a surgir, baseado em estudos que avaliaram a perfusão coronariana. Porém, ainda demanda validação. Mas é uma tendência.
O que está rolando no multiverso da RCP?
- Head Up RCP (Gravity-Assisted Head-up Cardiopulmonary
Resuscitation Improves Cerebral Blood Flow and Perfusion Pressures):
- Como posicionar a cabeça do paciente durante a RCP? Estudos experimentais começam a testar com 30, 45 a 60 graus, utilizando compressores mecânicos.
- Provavelmente, o melhor fica entre 30 e 45 graus (estudos em animais) para maior taxa de retorno à circulação e perfusão cerebral.
- Expectativa promissora para os próximos anos em termos de mudanças.
- RCP com torniquete: permite um retorno venoso mais acentuado durante a RCP. É uma espécie de meia que veste o MMII do paciente com compressão segmentar.
- Fisiologia do ACD/ICD (active compression decompression cardiopulmonary resuscitation plus an impedance threshold device): utilização de dispositivo de impedância entre o ambu e a máscara
Ecocardiograma durante a PCR: quando está indicado?
Protocolo CASA
- A avaliação em 10 segundos após cada dois minutos de RCP (durante a checagem de ritmo);
- A cada pausa, realizar apenas uma tentativa de obtenção de janela;
- Pode-se utilizar o recurso de gravação em vídeo das imagens
OBS: O ECO pode ajudar a detectar de forma mais precoce a fibrilação ventricular antes da manifestação eletrocardiográfica.
Quando está indicado atualmente?
- Não é recomendado para prognóstico: movimento espontâneo de ventrículos;
- Recomendado para determinar as causas da PCR;
- Para detectar RCE;
- Não deve interferir na qualidade da RCP;
- Não deve gerar longas interrupções na RCP;.
E sobre a ECMO na PCR fora do hospital?
No momento, apenas uma unidade móvel de ECMO extracorpórea no Brasil (Einstein).
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