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Terapia Intensiva17 setembro 2022

CBMEDE 2022: Parada cardiorrespiratória traumática: o que há de novo?

No CBMEDE 2022, o Dr. Luis Ferreira (MG) abordou as principais atualizações na parada cardiorrespiratória traumática.

Por Filipe Amado

Estamos acompanhando o CBMEDE 2022, que acontece em Florianópolis-SC. Principal evento da Medicina de Emergência no país. 

O Dr. Luis Ferreira (MG) abordou as principais atualizações na PCR traumática. 

paciente com PCR na Covid-19

Por que falar separadamente da PCR traumática? 

O conferencista fez uma abordagem interessante explicando que fala-se da PCR traumática em separado pela natureza das suas causas, que são eminentemente cirúrgicas e heterogêneas. Vamos às principais: 

Causas principais de PCR no trauma:  

  • 60% hemorragia; 
  • 33% pneumotórax hipertensivo; 
  • 10% tamponamento cardíaco; 
  • 7% obstrução de via aérea. 

Recomendações do ATLS e European Resuscitation Council 

O atendimento da PCR no trauma demandará em algum momento uma sala cirúrgica, tendo em vista a natureza das suas causas. Na dúvida sobre a causa, comece a RCP. O paciente pode estar em contexto de trauma por uma causa clínica. Faça uma descompressão torácica de forma empírica bilateral. Se o paciente não retornar, considere toracotomia de reanimação.

O algoritmo de parada cardíaca no trauma da European Resuscitation Council aborda o tema de forma prática. Veja o fluxograma na página 155 do próprio guideline e citado durante a conferência. Disponível aqui.

Como aplicar nos centros brasileiros? 

Pense primeiro se o paciente é salvável e se tem indicação de ressuscitação (sinais de vida presentes nos últimos 10-15 minutos, ausência de lesão incompatível com a vida). 

Devemos levar em conta o contexto do paciente (mecanismo do trauma) e estrutura disponível (hospital rural, ambulância equipada, ausência de centro cirúrgico, deslocamento…) para responder a pergunta se o paciente é salvável ou não.  

Fatores de bom prognóstico 

  • Tempo de chegada a um centro de trauma; 
  • Causa da PCR (trauma penetrante x trauma contuso / asfixia e afogamento);
  • Ritmo inicial + atividade cardíaca ao US; 
  • Resposta às medidas iniciais 

Cabe o ACLS para esse cenário?  

Sim! Checagem de ritmo é importante, assim como as compressões torácicas devem ser iniciadas, sem retardar a descompressão bilateral do tórax. O uso de epinefrina (especialmente no choque neurogênico) deve ser considerado conforme protocolo do suporte avançado de vida. Lembre-se que a sobreposição de diagnósticos pode acontecer (o paciente infarta e sofre acidente automobilístico ou evolui com AVC e sofre queda de altura elevada). 

Pontos que devem ser levados em consideração no atendimento aos casos de PCR traumática: 

  • Tempo até centros de trauma;
  • Via aérea; 
  • Materiais para hemostasia e redução; 
  • Descompressão torácica; 
  • Hemocomponentes e reversão de anticoagulantes; 
  • Ultrassonografia;
  • Treinamento continuado 

Mensagens práticas da conferência 

  • A utilização do POCUS tem valor prognóstico muito adequado;
  • A sobrevida apresenta correlação com o tempo até um centro de trauma; 
  • A estruturação de um centro de trauma depende mais da organização de fluxos, protocolos e processos e menos do capital; 
  • Foco nas causas tratáveis: HOTT (hemorragia, obstrução de vias aéreas, pneumotórax hipertensivo e tamponamento cardíaco); 
  • Ainda é necessário avanço nos estudos e tecnologias.

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