A leptospirose é uma infecção bacteriana que pode causar vários sintomas inespecíficos, como febre, mialgia, cefaleia e dor abdominal. A transmissão da doença pode ocorrer por ratos ou águas superficiais infectadas por esses roedores.
Em 2019, a Holanda registrou um número recorde de casos de leptospirose. Infelizmente, o diagnóstico costuma ser tardio e nem sempre considerado devido à apresentação clínica variável da doença. Além disso, não existem regras ou certificados de qualidade relativos à prevenção de doenças para criadores de ratos de estimação.

Caso de leptospirose
Os pesquisadores holandeses Kraijenhoff e colaboradores apresentaram, no European Academy of Pediatrics Congress (EAP 2021) , o caso de uma menina de 11 anos com quadro de febre, mialgia e cefaleia, seguidos de torcicolo. Dois dias antes, ela havia sido mordida por um de seus ratos de estimação.
A investigação diagnóstica confirmou meningite por leptospirose, sendo a paciente tratada com ceftriaxona intravenosa por sete dias. Foi descoberto que seus ratos de estimação estavam infectados com leptospirose. O criador de ratos também desenvolveu sintomas e também foi tratado com antibióticos. Os ratos foram sacrificados.
Conclusões
O objetivo desse relato foi chamar a atenção para que o diagnóstico de leptospirose seja sempre considerado em pacientes com sintomas inespecíficos inexplicáveis combinados com exposição a ratos. Ademais, é necessária uma maior conscientização sobre as zoonoses tanto entre os profissionais de saúde quanto entre criadores de animais.
No Brasil, a leptospirose é uma doença que consta na lista dos agravos de notificação compulsória imediata, isto é, sua notificação deve ser realizada em até 24 horas.
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Autoria

Roberta Esteves Vieira de Castro
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra
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