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Pediatria24 abril 2021

EAP 2021: consequências endócrinas do craniofaringioma infantil

Em um dos pôsteres apresentados no EAP 2021, pesquisadores abordaram o tema “desordem endócrina no craniofaringioma infantil”.

Em um dos pôsteres apresentados no European Academy of Pediatrics Congress (EAP 2021), pesquisadores do departamento de Pediatria do Sahloul University Hospital em Sousse, Tunísia, abordaram o tema “desordem endócrina no craniofaringioma infantil”.

médico consultando paciente com craniofaringioma infantil

Craniofaringioma infantil

O craniofaringioma é um tumor congênito benigno, mas grave devido à sua posição próxima às estruturas anatômicas vizinhas (hipotálamo, quiasma e nervos ópticos) e representa 10% dos tumores infantis. Geralmente, as manifestações clínicas englobam combinações de deficiência visual, endocrinopatia, disfunção hipotalâmica, doença cerebrovascular, disfunção neurológica e disfunção neurocognitiva.

É importante destacar que os distúrbios endócrinos podem ser indicativos do tumor e se acomodam vários meses ou anos antes das manifestações visuais e neurológicas.

Jaballah e equipe realizaram um estudo retrospectivo, incluindo crianças com menos de 16 anos de idade, internadas por craniofaringioma, no período de junho de 2000 a fevereiro de 2019 (18 anos e 8 meses). O diagnóstico foi efetuado por meio de achados clínicos e de imagem e confirmado por exame anatomopatológico.

Os critérios de exclusão foram: pacientes com arquivos perdidos e ausência de laudo de patologia, apesar da presença de imagens sugestivas. Os parâmetros estudados englobavam dados epidemiológicos, clínicos, radiológicos, hormonais e terapêuticos.

Resultados

Foram incluídos 11 casos de craniofaringioma em pacientes pediátricos (oito meninos), com idades entre 3 e 15 anos. A consanguinidade parental foi encontrada em três crianças.

O quadro clínico mais frequente que levou à procura por atendimento médico foi cefaleia em todos os casos, associada a manifestações gastrointestinais (8/11), distúrbios visuais (3/11) e distúrbios comportamentais (2/11).

Outras manifestações clínicas relatadas foram: hipertensão intracraniana (8/11), poliúria/polidipsia (3/11) e convulsão (1/11).

Todos os pacientes foram submetidos a tomografia computadorizada (TC) de crânio, que evidenciou processo intrasselar. A ressonância magnética cerebral foi realizada em apenas 36% dos casos. A exploração endócrina mostrou insuficiência adrenal em todos os casos, hipotireoidismo em quatro, lesão do eixo somatotrópico em dois e diabetes insipidus em cinco.

O tratamento cirúrgico foi realizado em todos os pacientes. No pós-operatório, pan-hipopituitarismo foi observado em quatro crianças. O fundo de olho foi realizado em seis pacientes e evidenciou papiledema em dois casos de estágios 1 e 3. Todos os pacientes foram submetidos à terapia de reposição hormonal pelo resto da vida.

Conclusões

O estudo reforça a importância do diagnóstico e manejo do craniofaringioma, uma doença grave em crianças devido às suas consequências endócrinas antes e após a cirurgia. Portanto, a colaboração entre neurocirurgiões, oftalmologistas e endocrinologistas pediátricos é de suma relevância para um atendimento global e de qualidade desses pacientes.

Estamos fazendo a cobertura do EAP 2021; acompanhe com a gente!

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Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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