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Cardiologia15 novembro 2021

AHA 2021: principais fatores desencadeadores de FA paroxística

O estudo I-Stop-AF, apresentado no AHA 2021, monitorou pacientes com FA paroxística para avaliar quais atividades estavam relacionadas aos episódios de fibrilação.

A fibrilação atrial (FA) é uma das arritmias mais comuns e sua incidência está relacionada a fatores de risco conhecidos, sendo os mais comuns a hipertensão arterial sistêmica e a doença coronariana. Além disso, idade avançada, consumo de álcool, doença valvar mitral e apneia obstrutiva do sono também são fatores comuns no dia a dia do consultório. Contudo, na FA paroxística é comum os pacientes descreverem situações do cotidiano que funcionaram como “gatilhos” ou desencadeadores das crises, como a relação entre vinho e enxaqueca, por exemplo. Esses “gatilhos” foram até então pouco estudados na FA.

imagem de FA paroxística

FA paroxística

O estudo I-Stop-AF, apresentado no congresso da American Heart Association (AHA 2021), recrutou 446 participantes com FA paroxística que foram monitorados por um smartphone acoplado a um ECG e, na primeira fase do estudo, relataram quais atividades estavam relacionadas “a novos episódios de FA”. Esse desenho de estudo é pouco comum e se chama “n of 1 trial”, que seria um estudo no qual avaliamos os fatores que levam a um desfecho em cada participante.

No final, 320 pacientes completaram o estudo, com média de idade de 58 anos, 59% de homens, 41% de hipertensos, 31% com apneia do sono, 11% coronariopatas e 7% diabéticos.

Os fatores mais comuns associados aos episódios paroxísticos foram: cafeína (n=53), álcool (n=43), privação de sono (n=31), exercício físico (n=30), decúbito lateral esquerdo no sono (n=17) e desidratação (n=10). Porém, após análise estatística, apenas o álcool foi associado significativamente com maior risco de episódios paroxísticos de FA, com uma razão de chances de 2,15 (IC 95% 1,27-3,61).

Um segundo objetivo do mesmo estudo foi informar ao participante os “gatilhos” (triggers) mais comuns e avaliar se nas semanas seguintes, ao se expor a eles, haveria maior incidência de paroxismos da FA. Um questionário de qualidade de vida foi utilizado para avaliar o impacto nos pacientes. Ao final de 4 semanas, apenas a exposição ao álcool foi associada com maior risco de FA (razão de chances de 1,77 (IC 95% 1,20-2,69)) e não houve mudança na qualidade de vida reportada.

Qual a mensagem prática?

Apesar do relato de diversos fatores “associados temporalmente” aos paroxismos de FA, apenas o consumo excessivo de álcool se mostrou como um potencial deflagrador. Com isso, exercícios físicos, posição de dormir e consumo de café podem seguir sem restrições “adicionais” nos pacientes com FA paroxística, ao passo que os mesmos devem ser orientados a evitar o consumo de álcool, sob risco de recorrência da arritmia.

Mais do AHA 2021:

Referências bibliográficas:

  • Marcus GM, Faulkner Modrow M, Schmid CH, Sigona K, Nah G, Yang J, et al. Individualized Studies of Triggers of Paroxysmal Atrial Fibrillation: The I-STOP-AFib Randomized Clinical Trial. JAMA Cardiol [Internet]. 2021 Nov 14 [cited 2021 Nov 14]; Available from: https://jamanetwork.com/journals/jamacardiology/fullarticle/2786196
  • Lillie EO, Patay B, Diamant J, Issell B, Topol EJ, Schork NJ. The n-of-1 clinical trial: the ultimate strategy for individualizing medicine? Per Med [Internet]. 2011 Mar [cited 2021 Nov 14];8(2):161. Available from: /pmc/articles/PMC3118090/

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