Crianças em cuidados intensivos sofrem com consequências físicas, psicológicas e sociais e com as morbidades pós-internação, além de terem uma redução na sua qualidade de vida geral. As disparidades nos cuidados de saúde, como raça, status socioeconômico e outros determinantes sociais da saúde, têm efeitos no acesso e nos resultados dos cuidados.
No último WFPICCS 2022, Garg e colaboradores (Johns Hopkins Hospital) apresentaram uma revisão sistemática que avaliou essas disparidades.
Metodologia
Os pesquisadores analisaram as evidências atuais sobre as disparidades de cuidados de saúde na reabilitação pediátrica por meio de revisão sistemática. Foram incluídos estudos que, primeiramente, abordassem principalmente as disparidades de saúde, fossem focados em reabilitação e limitados à Pediatria.
Os serviços de reabilitação incluíram: fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, e reabilitação de pacientes internados ou ambulatoriais.
As bases de dados PubMed e EMBASE foram pesquisadas com vocabulário controlado e termos-chave MESH. Dos 2.214 estudos identificados, 377 resumos foram examinados para revisão de texto completo, com 22 estudos escolhidos para extração de dados. Cinco estudos adicionais foram identificados por meio de listas de referência. Uma síntese narrativa foi realizada em 27 estudos.
Resultados
A análise dos 27 estudos incluídos revelou três temas principais, incluindo acesso a serviços, desfechos da reabilitação e prestação de serviços. O atendimento público foi associado a um menor desfecho funcional, menos prestadores de serviços ambulatoriais e maiores tempos de espera ambulatorial.
Crianças negras e hispânicas eram mais propensas a ter maior gravidade da lesão, ser internadas em reabilitação hospitalar e ter diminuição da independência funcional após a alta. A falta de serviços de intérprete foi associada à diminuição da utilização de serviços ambulatoriais.
Conclusões
Essa revisão sistemática identificou status de saúde pública x privada, raça, etnia, ambiente construído, status socioeconômico e idioma como fatores associados à diminuição do acesso a serviços de reabilitação, piores desfechos após hospitalização e reabilitação, e diminuição da prestação de serviços.
Os pesquisadores concluíram que determinantes sociais da saúde precisam ser cuidadosamente abordados na população de reabilitação pediátrica para identificar as principais áreas de melhoria para a prestação de cuidados de saúde equitativos.
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