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Pediatria19 julho 2022

WFPICCS 2022: Vivências e sentimentos de mães de primeira viagem durante internação na UTI neonatal

Um estudo realizado no Marrocos analisou experiências de mães que têm seus primeiros filhos em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.

O nascimento do primeiro filho é um dos eventos mais bonitos e inesquecíveis que podem acontecer na vida de uma mulher. Um estudo muito interessante realizado em Marrakech, Marrocos, relatou as vivências e sentimentos de mães de primeira viagem durante a internação de seus bebês em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Os resultados foram apresentados no último congresso da World Federation of Pediatric Intensive & Critical Care Societies (WFPICCS 2022).

bebê com vasculite sistêmica neonatal

Metodologia

Os pesquisadores realizaram um estudo qualitativo baseado em um questionário semiestruturado, preenchido quando o recém-nascido (RN) recebia alta de uma UTIN em Marrakech. O estudo foi conduzido por um período de nove meses, de agosto de 2020 a abril de 2021.

Resultados

Ao longo do período do estudo, 40 mulheres responderam ao questionário. A idade das mães variou entre 16 e 42 anos e 42,5% dos RN foram internados no primeiro dia de vida.  

O tempo de permanência na UTIN variou de 2 a 41 dias (média de 10,3 dias). A média de visitas das mães foi de 4,6 vezes. A permanência foi considerada muito difícil para 90% das mães. Os elementos que dificultaram a internação foram: 

  • Separação do RN – 85%; 
  • Presenciar o sofrimento do bebê – 40%; 
  • Medo de perder o bebê – 17,5%; 
  • Tempo de internação – 10%; 
  • Sentimento de culpa – 10%.  

As mães relataram encontrar ajuda na forma de explicações fornecidas pela equipe de enfermagem em 67,5% dos casos. As repercussões psicossomáticas foram: distúrbio do sono (65%), dificuldades na lactação (25%) e alterações do humor (20%).

Conclusões

Esse estudo mostrou que o acompanhamento e apoio da equipe de enfermagem durante o período de internação deve ser reforçado para aliviar o sofrimento das mães e garantir que o RN vá para casa recebendo os melhores cuidados possíveis.  

Comentário

Cada vez mais, trabalhos na literatura mostram a importância da humanização em UTIN. Antigamente, RNs em estados críticos não sobreviviam. Hoje, com os avanços da Neonatologia, esses bebês têm melhor prognóstico, mas as sequelas psicológicas e físicas, tanto das mães quanto dos neonatos, em curto e em longo prazo ainda precisam ser melhor abordadas.

Como profissionais de saúde, obviamente nos preocupamos e desejamos o melhor cuidado para o bebê, mas medidas para confortar a família, em especial a mãe, precisam ser mais divulgadas e valorizadas, não somente pela Enfermagem, mas por toda a equipe interdisciplinar. Parabenizo os autores pela maravilhosa iniciativa.  

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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Referências bibliográficas

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