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Pediatria19 julho 2022

WFPICCS 2022: Ações de proteção contra covid-19 também reduziram influenza na UTI?

Um estudo teve o objetivo de escrever a frequência, evolução clínica e complicações da influenza em uma UTI Neonatal e Pediátrica.

No último congresso da World Federation of Pediatric Intensive & Critical Care Societies (WFPICCS 2022), que ocorreu online de 12 a 16 de julho, pesquisadores da Espanha apresentaram o estudo Influenza Virus Infection in children admitted to the Pediatric Intensive Care Unit, cujo objetivo foi escrever a frequência, evolução clínica e complicações da influenza em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e Pediátrica durante cinco temporadas epidêmicas. Em geral, a gripe é benigna, embora possa causar complicações graves em algumas ocasiões.  

WFPICCS 2022

Metodologia 

Foi realizado um estudo observacional retrospectivo, que incluiu pacientes com diagnóstico de influenza admitidos na UTI entre 2015 e 2022. Os seguintes dados foram coletados: variáveis demográficas, morbidade, sorotipo do vírus, tratamentos, mortalidade e tempo de permanência na UTI. 

Resultados 

Um total de 25 pacientes pediátricos foi admitido na unidade com diagnóstico de influenza. A idade mediana desses pacientes foi de 2 anos (intervalo interquartílico [IQR] 2 – 6,5) anos. Cinquenta e dois por cento eram do sexo masculino e 40% tinham morbidade associada.  

A influenza A representou 80%, a influenza B 12% e coinfecção influenza A+B foi igual a 8%. A coinfecção bacteriana esteve presente em 20%, sendo os organismos mais comuns Streptococcus pneumoniae e Streptococcus pyogenes 

Complicações, como sepse/choque séptico, pneumonia bacteriana, derrame pleural, miocardite, taquicardia supraventricular e convulsões ocorreram em 80% dos casos; 64% receberam antibioticoterapia e, 40%, oseltamivir. O uso de ventilação mecânica não invasiva (VNI) foi necessário em 48%. Já a ventilação mecânica invasiva (VMI) foi efetuada em 28% e 20% receberam drogas vasopressoras inotrópicas.  

Durante a pandemia de Covid-19, não houve internações por influenza na temporada 2020-2021, sendo que a primeira internação ocorreu em março de 2022. Foram observados 24 meses livres de influenza. Durante o período do estudo, a permanência média na UTI foi de dois dias [IQR 2 – 6,5]. Três crianças evoluíram para óbito (12%). 

Conclusões 

Os pesquisadores observaram uma elevada taxa de complicações e mortalidade, principalmente durante a última temporada pré-pandemia de covid-19. Desde então, relataram que tiveram somente um caso leve admitido. Dessa forma, acreditam que as medidas preventivas contra o vírus SARS-CoV-2 provavelmente contribuíram para reduzir a transmissão da influenza. 

Comentário 

Apesar de retrospectivo e realizado em somente um centro, esse estudo nos mostra o quão grave pode ser um quadro de influenza, reforçando a necessidade de orientação à população, por parte de profissionais de saúde, da importância da vacinação na faixa etária pediátrica.

Mais do congresso:

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

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Referências bibliográficas

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