Em 2024, o Portal Afya trouxe diversas revisões, atualizações e estudos da área de ortopedia mas alguns se destacaram por sua relevância. Trouxemos alguns dos principais temas abordados pelos nossos especialistas.
1. Pé congênito torto: como deve ser realizada a tenotomia do tendão de aquiles?
O pé torto congênito (PTC) é uma doença que afeta aproximadamente 1,2 em cada 1.000 crianças nascidas vivas em todo o mundo. Seu tratamento atualmente considera o uso do método de manipulação gessada descrita por Ponseti, que é considerado o padrão-ouro. Após o período de manipulação, mais de 70% das crianças afetadas necessitam de uma tenotomia do tendão de Aquiles para corrigir completamente a deformidade equina ao final da fase de imobilização gessada.
2. A ressecção óssea é necessária no tratamento da deformidade de Haglund?
A tendinopatia calcificante insertional do tendão de Aquiles (TCIA) associada à deformidade de Haglund é uma condição resistente ao tratamento e tem sido um desafio no campo da ortopedia. A necessidade de realizar a ressecção concomitante da deformidade de Haglund durante o tratamento da TCIA tem sido objeto de debate. Um recente estudo foi publicado com o objetivo de comparar os resultados funcionais entre pacientes que passaram pela ressecção da deformidade de Haglund e aqueles que não passaram por esse procedimento durante o tratamento da TCIA.
3. É possível prever a tendinite do iliopsoas após ATQ?
A tendinite do iliopsoas após artroplastias totais de quadril (ATQ) pode ocorrer por cimento ou parafusos protrusos, offset excessivo ou alongamento do membro, por exemplo. Entretanto, está mais associada à exposição anterior do componente acetabular, resultado de retroversão, laterização ou “oversizing” do componente. A incidência de tendinite do iliopsoas está estimada em 29% dos pacientes após ATQ.
4. A relação entre a posição de dormir e lesões no manguito rotador
O manguito rotador (MR) é composto por quatro músculos da cintura escapular e seus respectivos tendões, sendo essencial para a função normal da articulação glenoumeral. Esse complexo muscular atua como o principal estabilizador dinâmico da articulação, desempenhando um papel crucial na função e mobilidade do ombro.
5. Pacientes com fratura de fêmur e demência devem ser operados?
A fratura de fêmur em idosos é extremamente prevalente e tem a cirurgia como principal tratamento. Em pacientes demenciados, a cirurgia parece gerar piores resultados principalmente nos que residem em casas de repouso conforme já avaliado em estudos anteriores. Foi publicado no último mês no Journal of the American Medical Association um estudo com o objetivo de examinar os resultados da cirurgia comparado com o tratamento não cirúrgico de fratura de quadril entre pessoas com demência que vivem na comunidade.
6. Órteses sob medida mais eficazes que o gesso nas fraturas de rádio distal?
O tratamento conservador das fraturas de rádio distal classicamente é realizado com gesso circular bem moldado a fim de evitar a perda de redução. Entretanto, esse tipo de imobilização é pesado e incomoda pacientes para realização de suas atividades diárias, além de poder contribuir para maior rigidez e lesões de pele. Recentemente, órteses de material sintético moldadas sob medida vêm ganhando popularidade por serem mais leves e levarem a menor risco de rigidez, além de melhora estética.
7. Remoção de rotina ou sob demanda para o parafuso da sindesmose?
Entre 15 e 20% das fraturas de tornozelo tratadas cirurgicamente apresentam lesão da sindesmose mais comumente tratados com uso de parafuso. A remoção do material é preconizada por alguns ortopedistas um tempo variável entre 8 e 12 semanas após a cirurgia já que pode restringir o arco de movimento e gerar dor. Além disso, uma quebra do parafuso também pode gerar complicações aos pacientes.
8. Lesão osteocondral do tálus: a cartilagem lesada pode ser reciclada?
A lesão osteocondral do tálus é uma causa comum de dor no tornozelo e é inicialmente tratada de forma conservadora com taxa de sucesso de cerca de 50%. Para o tratamento cirúrgico existem opções como estímulo da medula óssea (BMS), transplante osteocondral autólogo, implante de condrócito autólogo ou transplante de aloenxerto osteocondral. Entretanto, os resultados pouco consistentes, morbidade do sítio doador e alto custo podem ser desvantagens desses métodos de tratamento.
Confira também:
Série: Doenças da mão
Este ano também tivemos a série de doenças da mão, uma série de vídeos e podcasts que abordou as principais doenças da mão.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.