Fraturas do rádio distal: placa volar bloqueada ou imobilização gessada?
As fraturas de rádio distal são comuns e têm uma incidência de 212 a cada 100 mil pessoas-ano. Muito se tem discutido nos últimos anos acerca da diferença de resultados entre o tratamento com placa volar bloqueada e o tratamento conservador com gesso. A placa volar teoricamente leva a melhores resultados radiográficos e mobilidade mais precoce, mas sem diferenças significativas nos resultados funcionais a longo prazo. Além disso, o tratamento com placa leva a um maior custo e possibilidade de complicações pós-operatórias.
O ESTUDO
As revisões sobre o tema acabam sendo um pouco inconsistentes pois abrangem todos os tipos de trabalho e não apenas estudos de alta qualidade. Com o intuito de gerar evidência de melhor qualidade, foi publicado no último mês no “Journal of plastic surgery and hand surgery” um estudo com o objetivo de comparar resultados funcionais, radiográficos e clínicos entre a placa volar bloqueada e tratamento conservador para pacientes adultos com fratura do rádio distal, considerando durações de acompanhamento variáveis e apenas avaliando ensaios clínicos randomizados.
Foi realizada uma pesquisa nos bancos de dados PubMed, EMBASE, Web of Science, Scopus, ClinicalTrials.gov e Cochrane e foram incluídos ensaios clínicos randomizados comparando as duas formas de tratamento em indivíduos maiores de 18 anos e com dados de escores funcionais, arco de movimento, radiografias e complicações. As informações obtidas dos pacientes foram: idade, sexo, classificação de fratura (tipo AO), questionário Disabilities of the Arm, Shoulder, and Hand (DASH), Patient-rated Wrist Evaluation (PRWE), Visual Analogue Scale (VAS) para dor, arco de movimento do punho, força de preensão, avaliação radiográfica e incidência de complicações.
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As análises também foram estratificadas em subgrupos considerando pacientes maiores e menores de 60 anos. As placas apresentaram escores significativamente menores do DASH em 6 semanas (p < 0,001), 3 meses (p < 0,001), 12 meses (p = 0,012) e > 12 meses (p < 0,001) e escores PRWE menores em 6 semanas (p < 0,001), 3 meses (p = 0,048) e > 12 meses (p = 0,032). A amplitude de movimento do punho favoreceu os grupos tratados com placa em 6 semanas (p < 0,05), com maior flexão e supinação em 3 meses (p = 0,027) e 12 meses (p = 0,003).
Radiologicamente, as placas apresentaram parâmetros melhorados em 3 e 12 meses de acompanhamento. As complicações gerais não diferiram significativamente.
A análise de subgrupo em pacientes < 60 anos geralmente apoiou essas descobertas, enquanto em pacientes ≥ 60 anos, os resultados radiológicos se alinharam, mas o DASH só foi melhor com 3 meses (p < 0,001).
CONCLUSÃO
O estudo concluiu que as placas podem levar a um benefício em resultados clínicos, radiológicos e funcionais em indivíduos menores de 60 anos, enquanto em indivíduos mais idosos os benefícios permanecem incertos.
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