Estima-se que, atualmente, cerca de 70% das decisões médicas são baseadas nos resultados de exames complementares. Esse dado, por si só, já demonstra a importância e utilidade dos testes diagnósticos em toda a cadeia de saúde, já que eles auxiliam o raciocínio clínico sob diferentes aspectos, como da prevenção, diagnóstico, tratamento, acompanhamento e prognóstico de condições clínicas.
Dessa forma, para uma segura e adequada prática médica, é imprescindível saber avaliar criteriosamente a efetividade de um determinado exame.
Urinálise: fatores pré-analíticos a serem considerados
Acurácia, utilidade clínica e benefício
Existem, basicamente, três componentes da efetividade dos testes diagnósticos que devem ser sempre observados:
Acurácia: faz-se necessário estabelecer se um determinado teste pode ser usado, de forma acurada, para diagnosticar uma condição clínica (detectar ou medir uma quantidade do analito). Na prática clínica, a acurácia de um exame pode ser determinada utilizando a sua sensibilidade (taxa de verdadeiros positivos) e especificidade (taxa de verdadeiros negativos);
Utilidade clínica: uma vez definido que o teste é suficientemente acurado para a finalidade que se propõe, o efeito do resultado do exame para o desfecho clínico deve ser observado. Ou seja, o resultado obtido deve subsidiar uma informação/interpretação clínica que seja relevante para o médico/paciente.
Benefício para o paciente: quando da análise da utilidade de um exame, também deve ser levada em consideração, avaliando caso a caso, se há algum benefício (mesmo que subjetivo) para o paciente. Mesmo que um teste diagnóstico não influencie diretamente no que o médico faça (ou poderia fazer) para o paciente, a depender da situação (ex.: saber o seu diagnóstico, mesmo que a doença seja incurável, sem tratamento disponível), pode fazer com que o paciente e sua família se beneficiem de alguma maneira dessa informação.
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Mensagem final
Uma análise criteriosa de como se avaliar a efetividade de um teste diagnóstico faz parte da boa prática médica. Nesse sentido, a solicitação de um exame laboratorial, embora, à primeira vista, possa parecer simples, traz consigo uma alta carga de complexidade.
Por mais tecnicamente acurado o teste seja, a interpretação do resultado deve ser sempre realizada à luz do contexto clínico do paciente, já que, sem essa correlação clínica, o resultado encontrado pode não ter significância clínica.
Sem dúvida, a acurácia e a utilidade clínica são parâmetros cruciais para se determinar o valor diagnóstico de um exame. Entretanto, para se alcançar a verdadeira efetividade de um teste, é importante entender que o seu valor pode ir além dos seus desfechos clínicos, levando em consideração, em um sentido mais amplo, o seu benefício aos pacientes.
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