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Ginecologia e Obstetrícia31 agosto 2024

Inibidores seletivos da recaptação da serotonina para síndrome pré-menstrual

Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são cada vez mais usados como tratamento para a SPM e o TDPM.

A síndrome pré-menstrual (SPM) é uma combinação de sintomas físicos, psicológicos e sociais em mulheres em idade reprodutiva, e o transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) é uma forma severa da síndrome. Ambas as síndromes causam sintomas durante as duas semanas que antecedem a menstruação (a fase lútea). Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) são cada vez mais usados como tratamento para a SPM e o TDPM, seja administrado na fase lútea ou de forma contínua. Foi realizada uma revisão sistemática e metanálise publicada em agosto de 2024 na Cochrane Database of Systematic Reviews para avaliar a evidência dos efeitos positivos e dos danos dos ISRS no manejo da SPM e do TDPM. 

Inibidores seletivos da recaptação da serotonina para síndrome pré-menstrual

Objetivo 

Avaliar os benefícios e os danos dos ISRS no tratamento de mulheres diagnosticadas com SPM e TDPM. 

Metodologia 

Foi realizada uma busca nas bases de dados por ensaios clínicos randomizados (ECRs) em novembro de 2023. Esta revisão atualiza uma revisão publicada pela última vez em 2013. 

Foram considerados estudos nos quais mulheres com diagnóstico de SPM ou TDPM foram randomizadas para receber ISRS ou placebo. 

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Foram utilizados métodos padrão da Cochrane, calculadas diferenças médias padronizadas (DMP) com intervalos de confiança (IC) de 95% para escores de sintomas pré-menstruais, usando escores “pós-tratamento” para dados contínuos. Odds ratio (OR) foi calculada com IC de 95% para desfechos dicotômicos. As análises foram estratificadas por tipo de administração (fase lútea ou contínua).  

Principais Resultados 

Foram incluídos 34 ECRs nessa revisão. Os estudos compararam ISRS (fluoxetina, paroxetina, sertralina, escitalopram e citalopram) com placebo. Os ISRS provavelmente reduzem os sintomas pré-menstruais autoavaliados em mulheres com SPM e TDPM (DMP -0,57, IC 95% -0,72 a -0,42; I2 = 51%; 12 estudos, 1742 participantes; evidência de certeza moderada). 

O tratamento com ISRS foi provavelmente mais eficaz quando administrado de forma contínua do que apenas na fase lútea (P = 0,03). 

Os efeitos adversos associados aos ISRS foram náusea (OR 3,30, IC 95% 2,58 a 4,21; I2 = 0%; 18 estudos, 3664 mulheres), insônia (OR 1,99, IC 95% 1,51 a 2,63; I2 = 0%; 18 estudos, 3722 mulheres), disfunção sexual ou libido diminuída (OR 2,32, IC 95% 1,57 a 3,42; I2 = 0%; 14 estudos, 2781 mulheres), fadiga ou sedação (OR 1,52, IC 95% 1,05 a 2,20; I2 = 0%; 10 estudos, 1230 mulheres), tontura ou vertigem (OR 1,96, IC 95% 1,36 a 2,83; I2 = 0%; 13 estudos, 2633 mulheres), tremor (OR 5,38, IC 95% 2,20 a 13,16; I2 = 0%; 4 estudos, 1352 mulheres), sonolência e diminuição da concentração (OR 3,26, IC 95% 2,01 a 5,30; I2 = 0%; 8 estudos, 2050 mulheres), sudorese (OR 2,17, IC 95% 1,36 a 3,47; I2 = 0%; 10 estudos, 2304 mulheres), boca seca (OR 2,70, IC 95% 1,75 a 4,17; I2 = 0%; 11 estudos, 1753 mulheres), astenia ou diminuição da energia (OR 3,28, IC 95% 2,16 a 4,98; I2 = 0%; 7 estudos, 1704 mulheres), diarreia (OR 2,06, IC 95% 1,37 a 3,08; I2 = 0%; 12 estudos, 2681 mulheres) e constipação (OR 2,39, IC 95% 1,09 a 5,26; I2 = 0%; 7 estudos, 1022 mulheres).  

No total, 68% dos estudos incluídos foram financiados por empresas farmacêuticas, o que destaca a importância de interpretar os achados da revisão com cautela. 

Veja também: Fisiopatologia e implicações clínicas dos endometriomas ovarianos

Conclusões dos Autores e Implicações para a Prática 

Esta revisão sistemática e meta-análise de 34 ensaios clínicos randomizados (ECRs) (4563 participantes) examinou o efeito do tratamento com inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) para a síndrome pré-menstrual (SPM) e o transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM). 

Os ISRS provavelmente reduzem tanto os sintomas pré-menstruais gerais quanto os específicos (físicos, psicológicos, funcionais e irritabilidade). O tratamento provavelmente reduziu os sintomas, mas não os eliminou completamente, sendo mais eficaz quando administrado continuamente do que na fase lútea.  

Todos os eventos adversos foram provavelmente mais comuns no grupo de ISRS do que no grupo placebo, mas os participantes não foram mais propensos a se retirar dos ensaios ao receber ISRS. 

Esta revisão apoia a evidência de que os ISRS provavelmente reduzem os sintomas pré-menstruais. A versão anterior da revisão encontrou um efeito de dose-resposta que se aplicou tanto à redução dos sintomas quanto aos eventos adversos, incluindo o fato de que doses altas de ISRS podem ser intoleráveis. 

Os pacientes devem ser informados sobre os efeitos adversos antes de iniciar o tratamento com ISRS para avaliar pessoalmente se os benefícios do tratamento justificam os potenciais eventos adversos. Tratamentos alternativos (modificação do estilo de vida, suplementos vitamínicos, eventual tratamento hormonal) podem ser tentados antes de iniciar o tratamento com ISRS. 

Pesquisas futuras devem focar na avaliação da tolerabilidade, segurança e eficácia a longo prazo de diferentes medicamentos ISRS.

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Referências bibliográficas

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