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Neurologia29 agosto 2024

Tremor essencial: Uma revisão sobre o tema 

Tremor essencial é uma condição altamente prevalente na população, com relativo impacto em funcionalidade, a depender da intensidade do tremor
Por Jesus Ventura

O tremor essencial (TE) é uma síndrome tremulante, ocorrendo durante movimento (ação), presente por mais de 03 anos, geralmente bilateral, simétrica ou assimétrica, em membros superiores, podendo acometer outras regiões, como cabeça. Tem apresentação bimodal, com pico de incidência por volta de 20 anos e outro pico de incidência por volta dos 50 anos.  

É de suma importância saber diferenciar a condição de outras relacionadas com tremor, como a doença de Parkinson, além de conhecer as principais opções terapêuticas disponíveis, diante do impacto que o TE pode provocar na vida do indivíduo. 

Tremor essencial: Uma revisão sobre o tema 

Imagem de freepik

Desenvolvimento do tremor essencial (TE)

O TE geralmente tem evolução benigna, porém frequentemente afeta os indivíduos, gerando dificuldades em atividades do dia a dia, como tomar bebidas, fazer tarefas finas ou mesmo constrangimento social pelo tremor. Além disso, pode haver certa dificuldade na diferenciação com outras entidades, como doença de Parkinson.  

Diante de um paciente com síndrome tremulante, é necessário classificar a localização do tremor, simetria, fatores de surgimento (repouso, cinética, postural, intenção), sintomas associados (lentificação de movimento, rigidez muscular, alterações de marcha, alterações de fala e fraqueza), os quais podem apontar para diagnóstico diferencial com outras condições. Não é comum a presença de tremor de repouso unilateral (o qual sugere diferencial com tremor parkinsoniano). Quando presente tremor de repouso, há melhora com manobras de distração mental (contar de trás para frente, por exemplo). 

Leia também: Cuidados de fim de vida na Neuro-UTI 

Um instrumento de rápida execução em consulta e de relevante importância na avaliação, é pedir ao paciente que faça um desenho de espiral, observando-se o eixo e padrão do tremor, além de eventual micrografia e simetria dos sintomas. No TE geralmente há preservação de espaços entre as linhas da espiral, sem padrão de redução da letra (micrografia), além de ser observado um eixo constante do desenho e do tremor.  

Uma dica semiológica é o relato de melhora do tremor com ingesta de bebida alcóolica.  

Dentre as opções terapêuticas disponíveis para o tratamento dessa condição, a primeira escolha recai sobre o uso de betabloqueadores, como o propranolol. A segunda opção terapêutica é a primidona. Outras linhas de terapia incluem topiramato, gabapentina, aplicação de toxina botulínica e, em casos refratários, cirurgia para implante de microelétrodo cerebral para estimulação contínua (Deep Brain Stimulation – DBS). Todas essas opções terapêuticas são disponíveis no Brasil.  

Não se sabe exatamente a fisiopatologia envolvida no TE, acredita-se que haja disfunção de vias cerebelares e alterações de conexão com vias corticais.  

Saiba mais: Uma revisão sobre doença de Parkinson 

Mensagens práticas 

  • Ao avaliar um paciente com tremor, importante descrever os achados semiológicos que apontam para o diagnóstico: tremor de ação, bilateral, presente há mais de 03 anos, sem parkinsonismo associado. História familiar pode estar presente (principalmente em casos de jovens).  
  • O tratamento de primeira linha inclui uso de betabloqueadores, isolados ou associados à primidona. Terapia ocupacional, uso de toxina botulínica e DBS são outras opções; 
  • São quadros que geralmente apresentam bom prognóstico, apesar do alto impacto funcional; 
  • Diante da dúvida clínica e da necessidade de investigação complementar, recomendamos referenciar o paciente para um neurologista especialista em distúrbios do movimento.  
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