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Endocrinologia5 junho 2024

Síndrome dos ovários policísticos e sua relação com obesidade

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma desordem endócrina e metabólica com múltiplas esferas em sua fisiopatologia.

A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é uma das desordens endocrinológicas mais comuns em mulheres em idade reprodutiva, com prevalência mundial entre 9-18%. É frequentemente associada à resistência insulínica, obesidade e desordens alimentares. 

Recentemente, foi divulgada uma revisão que aborda a síndrome, sua fisiopatologia, sua associação com os distúrbios alimentares e possibilidades terapêuticas. Segue abaixo, um breve resumo dela.  

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A síndrome dos ovários policísticos (SOP) é um distúrbio endócrino que precisa ter pelo menos 2 de 3 critérios sendo eles: hiperandrogenismo clínico ou laboratorial, alterações ultrassonográficas compatíveis com ovários policísticos e oligo-anovulação (ciclos menstruais com duração > 35 dias ou menos que 8 ciclos por ano).  

Além de uma desordem do sistema reprodutor feminino, também é considerada uma desordem metabólica estando fortemente associada a resistência insulínica (RI), síndrome metabólica e diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Distúrbios psicológicos tais como ansiedade, depressão, compulsão alimentar e instabilidade do humor também possuem forte associação com SOP, sendo desencadeadas em grande parte pela obesidade, acne, hirsustimo e questões de fertilidade decorrentes da síndrome. 

Em relação à fisiopatologia, hiperinsulinemia, concentrações elevadas de testosterona e secreção inapropriada de grelina e colecistocinina são os pilares da patologia do SOP, predispondo à desordens alimentares, agravando a RI e a obesidade, resultando em um círculo vicioso. 

A insulina se liga aos receptores das células da teca ovarianas, estimulando a produção de androstenediona e também estimula a síntesde androgênica a nível adrenal. 

A nível central, a insulina influencia a função hipotalâmica por se conectar a receptores específicos e modular o comportamento alimentar e o ganho de peso. Outra alteração na SOP tem relação com os hormônios gastrointestinais de fome e saciedade. Já foi demonstrado que mulheres com SOP apresentam resistência à leptina ( “hormônio da saciedade”), por redução dos seus receptores no hipotálamo.  

Ademais, a grelina (“hormônio da fome”) é outro hormônio que regula o apetite e ingestão de comida e  que, em condições normais, encontra-se aumentado antes da refeição com efeito orexígeno, tendo seus níveis em declínio no período pós-refeição. Alguns estudos já comprovaram que mulheres com SOP, não apresentam o declínio pós-prandial da grelina, aumentando a ingesta alimentar, o ganho de peso e a RI.  

Em virtude de tanta variedade de sintomas, o tratamento da SOP é multidisciplinar. Reeducação alimentar com acompanhamento nutricional é fundamental, sendo as dietas hiperproteicas e com alta ingestão de fibras as preferidas para redução de peso e melhora da RI.  

Atividade física também é de extrema importância com a recomendação de pelo menos 150 min de atividade física semanal de moderada intensidade ou 75 min de severa intensidade para prevenir ganho ponderal. Para perda de peso e evitar o reganho a recomendação é de pelo menos 250 min de atividade física semanal de moderada intensidade ou 150 min de severa intensidade. 

Terapia comportamental-cognitiva (TCC) também tem importância ao reduzir os episódios de compulsão alimentar, além de tratar as questões psicossociais da paciente. 

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Em relação ao tratamento medicamentoso, algumas drogas já foram demonstradas com eficácia para redução do peso corporal e consequente melhora da SOP tais como liraglutida, semaglutida e a associação de bupropriona com naltrexona. 

Em conclusão, a SOP é uma desordem endócrina e metabólica com múltiplas esferas em sua fisiopatologia. Por esse motivo, é uma doença de entendimento complexo e que carece de tratamento multidisciplinar. Apesar de haver evidências robustas para tratamento de perda ponderal de um modo geral, ainda carecemos de evidências desse tratamento na subpopulação das mulheres com SOP. 

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