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Endocrinologia21 maio 2024

Prevenção de doença cardiovascular em pacientes com diabetes tipo 1

Doenças cardiovasculares ocupam a primeira posição no ranking de causa de mortes em pacientes com diabetes mellitus tipo 1.

Diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença metabólica crônica resultante da destruição das células beta pancreáticas. Apesar dos inúmeros avanços no cuidado com o diabetes, a expectativa de vida dos pacientes com DM1 ainda é inferior em 13 anos quando comparada com a expectativa da população geral.

As doenças cardiovasculares são as principais causas dessa expectativa de vida reduzida e os pacientes com DM1 apresentam risco cardiovascular mais elevado.  

Veja também: Tratamento medicamentoso vs cirurgia bariátrica em pacientes com DM2 

Baseado no cerne desse problema, a The New England Journal of Medicine, abordou uma revisão sobre a prevenção de doença cardiovascular em pacientes com DM1. Segue abaixo um breve resumo dela. 

Os mecanismos que envolvem o desenvolvimento de doenças cardiovasculares em pacientes com DM1 é similar aos que possuem DM2.

Os principais fatores envolvidos são: sedentarismo, disfunção endotelial, resistência insulínica, autoimunidade, dislipidemia, hipercoagulabilidade, nefropatia diabética, hiperglicemia constate, hipertensão, estresse oxidativo e sobrepeso/obesidade.  

Sendo assim, quais são as metas das comorbidades que caminham junto do DM1 e elevam o risco cardiovascular nesses pacientes?  

Close da mão de paciente com diabetes tipo 1 aferindo índice glicêmico.

Estabelecimento do risco cardiovascular no DM1 

Os médicos anualmente devem avaliar o risco cardiovascular dos pacientes DM1 com base em scores e calculadores de risco, além  de incentivar mudança de estilo de vida para reduzir os fatores de risco que são modificáveis.  

Controle glicêmico 

Os níveis de hemoglobina glicada (Hba1c) estão bem correlacionados com os desfechos de eventos cardiovasculares em pacientes com DM1. Sendo assim, é recomendado que seu nível fique inferior a 7% desde que não haja hipoglicemias.  

Tratamento da hipercolesterolemia 

O uso de estatinas não é recomendado de rotina para prevenção de eventos cardiovasculares em pacientes com diabetes mellitus tipo 1 . Seu uso deve ser realizado com base no cálculo de estratificação de risco cardiovascular a partir de calculadoras reconhecidas.  

Hipertensão e controle da pressão arterial 

É recomendado mudança do estilo de vida com melhora na alimentação e prática regular de atividade física, além de monitoramento da pressão arterial. Em adolescentes (>13 anos) e adultos, o alvo pressórico deve ser < 130/80 mmHg, idealmente sendo inferior a 120/80 mmHg.

Em caso de necessidade de tratamento, recomenda-se bloqueadores do sistema renina-angiotensina-aldosterona, diuréticos tiazídicos e bloqueadores dos canais de cálcio.  

Obesidade 

É recomendado mudança do estilo de vida, com restrição calórica e prática de atividade física para perda ponderal entre 5-10% do peso corporal e , se necessário, encaminhar o paciente para um programa de referência de emagrecimento.

A terapia com agonistas do recepetor de GLP-1 não é recomendada, mas pode ser considerada em decisão conjunta com o paciente e com cautela devido aos potenciais efeitos adversos. A cirurgia bariátrica pode ser uma opção em pacientes com diabetes mellitus tipo 1 e obesidade.  

Terapia antitrombótica 

Aspirina (dose de 75-162mg) pode ser considerada como prevenção primária em pacientes com idade superior a 50 anos com fatores de risco adicionais e como prevenção secundária em pacientes com doença cardiovascular aterosclerótica bem estabelecida.  

Saiba mais: Avanços no diagnóstico, acompanhamento e tratamento de diabetes tipo 1

Conclusão e mensagem prática 

Doenças cardiovasculares ocupam a primeira posição no ranking de causa de mortes em pacientes com diabetes mellitus tipo 1. Ainda são necessários mais estudos para avaliar a melhor estratégia terapêutica nessa subpopulação, visto que muitos ensaios clínicos carecem de evidência clínica suficiente.

Sendo assim, recomenda-se seguir as orientações das grandes sociedades responsáveis pelo tratamento do DM1 e das suas comorbidades envolvidas. 

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Referências bibliográficas

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