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Dermatologia12 setembro 2025

CSBD 2025: Quais as novidades sobre o diagnóstico das lesões melanocíticas? 

Durante o 78º CSBD, especialistas se reuniram para discutir o que há de novo nos métodos diagnósticos nas lesões melanocíticas 

As lesões melanocíticas resultam da proliferação de melanócitos e despertam interesse pois o melanoma representa a forma maligna desse tipo de lesão. No 78º Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, especialistas se reuniram para discutir o que há de novo nos métodos diagnósticos nas lesões melanocíticas. 

Discussão: diagnóstico das lesões melanocíticas 

A correlação anátomo-patológica continua sendo indispensável para o diagnóstico das lesões melanocíticas e várias ferramentas tecnológicas têm desempenhado um papel importante. Porém, em casos duvidosos, o diagnóstico histológico é de extrema relevância, mas pode representar uma tarefa complexa. 

Nesse cenário, foi citado pelos palestrantes o uso do antígeno PRAME (Preferentially Expressed Antigen in Melanoma), que é uma proteína da família dos antígenos câncer-testículo. Sua expressão é elevada em melanomas malignos, mas ausente ou mínima em nevos melanocíticos benignos. É detectado por imuno-histoquímica e apresenta alta sensibilidade e especificidade para diferenciar melanoma de lesões benignas, sendo especialmente útil em casos duvidosos.  

A positividade difusa ( > 50-60% de células com marcação moderada ou intensa) favorece o diagnóstico de melanoma. Além disso, níveis elevados de PRAME associam-se a maior risco de metástase e pior prognóstico, devendo sempre ser interpretado no contexto clínico e morfológico.  

Outro tema discutido foram os testes genéticos nas lesões melanocíticas, ferramentas que têm evoluído bastante, mas permanecem restritas a situações específicas. A suspeita de predisposição hereditária ao melanoma deve ser considerada diante de determinados achados clínicos e familiares. Os principais critérios citados foram:  

  • História familiar significativa: 2 ou mais parentes de primeiro ou segundo grau com melanoma e/ou câncer de pâncreas, envolvendo principalmente mutações em CDKN2A, CDK4 e outros genes de suscetibilidade. 
  • Múltiplos melanomas primários: indivíduos com 3 ou mais melanomas cutâneos primários ao longo da vida, independentemente da idade, devem ser avaliados para predisposição hereditária. 
  • Melanoma associado a outros tumores: ocorrência de melanoma em conjunto com câncer de pâncreas, astrocitoma, melanoma uveal, mesotelioma ou meningioma no mesmo indivíduo ou familiares próximos, aumenta a suspeita de síndromes genéticas, como CDKN2A, BAP1 e outras. 
  • Idade precoce do início: antes dos 40-45 anos, especialmente no contexto familiar. 
  • Fenótipo cutâneo característico: múltiplos nevos melanocíticos atípicos (geralmente > 50) especialmente em famílias com história de melanoma, sugere síndrome de múltiplos nevos atípicos e melanoma familiar. 

O manejo clínico desses pacientes deve contemplar aconselhamento e rastreio genético dos familiares, exame clínico trimestral, dermatoscopia digital e mapeamento corporal total, com melhora da detecção precoce e melhor prognóstico. 

Já o ultrassom dermatológico no paciente com melanoma é indicado para visualizar de forma eficaz e segura as características dos tumores melanocíticos, incluindo profundidade. Além disso, permite uma avaliação pré-operatória para melhor planejamento cirúrgico. 

O método também permite uma correlação entre a medida da espessura de melanoma ao método e a espessura de Breslow, além de possibilitar acompanhamento de cicatriz de melanoma já excisado e monitoramento de recidivas. 

Mensagens práticas 

  1. Diagnóstico: a correlação clínico-patológica continua essencial nas lesões melanocíticas; em casos duvidosos a imunohistoquímica para PRAME pode contribuir para diferenciar melanoma de nevos benignos e tem valor prognóstico 
  2. Genética: os testes genéticos são indicados quando há história familiar positiva, múltiplos melanomas primários, associação com outros tumores, idade precoce ou fenótipo com numerosos nevos atípicos, permitindo o aconselhamento e rastreamento de familiares 
  3. Imagem: o ultrassom dermatológico auxilia na avaliação da profundidade do melanoma, no planejamento cirúrgico e no acompanhamento de cicatriz ou recidivas, correlacionando-se bem com a espessura de Breslow. 

Confira outras discussões do congresso:

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