Durante a 78ª edição do Congresso da Sociedade Brasileira de Dermatologia, que aconteceu de 03 a 06 de setembro de 2025 no Rio de Janeiro, especialistas se reuniram para discutir o que há de novo nos métodos diagnósticos das neoplasias malignas queratinocíticas.
Os tumores queratinocíticos malignos são neoplasias cutâneas originadas dos queratinócitos. Compreendem as ceratoses actínicas (CA), que são consideradas lesões precursoras e o carcinoma espinocelular (CEC). Os principais métodos diagnósticos abordados nas aulas foram a dermatoscopia, a microscopia confocal e o ultrassom dermatológico.
Dermatoscopia
Quanto à dermatoscopia, foram citados os critérios dermatoscópicos para detecção precoce do CEC originado em ceratose actínica, que envolve a identificação de padrões vasculares e estruturas específicas que indicam invasão inicial. A presença de vasos pontilhados, glomerulares, em grampo e áreas brancas sem estrutura são considerados preditores positivos para CEC incipiente sobre CA, enquanto o eritema de fundo é um preditor negativo para a invasão.
Durante a progressão de CA para CEC, observa-se uma transição dermatoscópica: a CA apresenta-se predominantemente com pseudorrede vermelha, escamas finas e rosetas; já o CEC inicial tende a exibir vasos lineares irregulares, áreas brancas sem estrutura, massas de queratina centralizadas, microerosões e ulceração, além de pontos hemorrágicos. A diminuição da pseudorrede vermelha e o surgimento de vasos atípicos são sinais de alerta para a transformação maligna.
Microscopia confocal
Na modalidade in vivo da Microscopia confocal, foi demonstrado que a técnica permite a visualização em tempo real de alterações epidérmicas e dérmicas, com desorganização da arquiterura epidérmica, padrão honeycomb atípico em todas as camadas da epiderme, além de vasos glomerulares e irregulares. As principais indicações consistem na diferenciação de lesões com aspecto clínico e dermatoscópico duvidoso, direcionamento de biópsia em lesões extensas e acompanhamento durante o tratamento, avaliando eficácia.
Já a microscopia confocal ex vivo é utilizada principalmente para avaliação de margens cirúrgicas em tempo real, identificando com precisão as margens tumorais, áreas de invasão, facilitando a delimitação do tumor durante procedimentos como a cirurgia de Mohs, o que confere mais agilidade ao procedimento.
Ultrassom dermatológico
A ultrassonografia de alta frequência (USAF) é considerada uma ferramenta mais acessível e não invasiva, que auxilia de maneira significativa a avaliação de neoplasias malignas queratinocíticas. Permite visualização em tempo real da morfologia, dimensões e extensão tumoral.
A USAF contribui para a mensuração da espessura e profundidade dos tumores, com excelente correlação com os achados histopatológicos, especialmente CECs localizados, o que é fundamental para o planejamento cirúrgico. Além disso, também pode ser utilizada para monitoramento pós- tratamento e detecção precoce de recorrências.
Mensagens práticas
- Dermatoscopia: reconhecer padrões vasculares e áreas brancas sem estrutura como sinais de CEC inicial sobre ceratose actínica
- Transição CA – CEC: atenção à diminuição da pseudorrede vermelha e surgimento de vasos atípicos
- Microscopia confocal in vivo: útil em lesões duvidosas, para guiar biópsias e monitorizar resposta terapêutica
- Microscopia confocal ex vivo: avaliação rápida e precisa de margens cirúrgicas
- USAF: mede profundidade e extensão tumoral, auxilia no planejamento cirúrgico e no seguimento pós-tratamento.
Confira outras discussões do congresso:
- Como lidar com CBC em paciente que não quer operar?
- Quais as novidades sobre o diagnóstico das lesões melanocíticas?
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