A prevalência dos nevo melanocítico congênito (NMC) presentes ao nascimento é em torno de 1% e eles podem ser classificados de acordo com o seu tamanho: pequeno (< 1,5 cm de diâmetro), médio (1,5 – 20 cm no maior diâmetro) e gigante (> 20 cm de diâmetro). Os nevos pequenos e médios são relativamente mais comuns, enquanto os gigantes, conhecidos como nevo em “calção de banho” quando em sua localização mais típica, é uma condição rara.
Apresentação clínica
A classificação de acordo com o tamanho é importante no sentido prognóstico e terapêutico. Postula-se que o risco de desenvolvimento de um melanoma é diretamente proporcional ao tamanho dos nevos, dado que a transformação para melanoma pode ocorrer em 5-20% dos NMC gigantes, segundo alguns autores, e esse risco é maior na infância.
Clinicamente, apresentam-se como mácula ou placa pigmentada, superfície rugosa e pilosa, de cor castanho a preta. Podem ocupar todo o membro, ou toda uma área do corpo, representando grave problema estético. Frequentemente são acompanhados de nevos melanocíticos pequenos e satélites.
Manejo do Nevo Congênito
A avaliação desses pacientes enfrenta grandes desafios, tendo em vista o acometimento neurológico, consequências estéticas e transformação maligna, sendo esta última a mais preocupante.
Quando localizados na cabeça e pescoço, pode haver acometimento de leptomeninges, o que configura o quadro de melanose neurocutânea que pode estar associado a déficit cognitivo e epilepsia e evolução para melanoma no sistema nervoso central. Além disso, áreas nodulares de lesões névicas sobre a coluna vertebral podem estar associadas a espinha bífida e mielomeningocele. Em casos de suspeita de envolvimento neurológico, deve-se solicitar ressonância magnética cerebral.
É recomendado o seguimento regular e contínuo desses pacientes, principalmente nos casos de NMC grandes e gigantes, com monitorização de sinais de malignidade, como surgimento de áreas nodulares ou ulceração. Em caso de suspeita diagnóstica, deve-se realizar biópsia e análise histopatológica detalhada para excluir evolução para melanoma sobre nevo congênito.
Considerações finais
Alguns autores indicam a excisão cirúrgica das lesões sempre que possível e recomendam individualizar a conduta, principalmente em caso de lesões gigantes, considerando aspectos psicológicos e clínicos dos pacientes, devido às possíveis complicações cirúrgicas, necessidade de uso de expansores e cicatrizes inestéticas. Em casos inoperáveis, técnicas como dermoabrasão já foram descritas a fim de mitigar o problema estético.
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