Doenças cardiovasculares são a principal causa de óbito no mundo e na Europa representa 45% dos óbitos em mulheres e 39% nos homens e constitui a principal causa de morte precoce em homens, chegando 33% das causas em homens com menos de 70 anos.
Estudo
Foi feito então um estudo randomizado com rastreamento de doenças cardiovasculares na população de homens da Dinamarca. Os exames de rastreamento incluíam tomografia para avaliação das coronárias (escore de cálcio), de aneurisma de aorta e ilíacas, avaliação de FA, avaliação da pressão arterial e cálculo do índice tornozelo braquial para avaliar presença de hipertensão e doença arterial periférica e exames de sangue para detectar diabetes e hipercolesterolemia.
O objetivo do estudo era avaliar se haveria repercussão em mortalidade geral. Quando feito algum diagnóstico, o paciente era tratado de acordo.
Foram incluídos 46526 homens de 65 a 74 anos. Um terço deles foi convidado a realizar exame de rastreamento e dois terços não. Dos que foram convidados a realizar o exame, 37% se recusaram, sendo avaliados então 16736 pacientes com exames e 29790 sem exames. As características de base dos pacientes eram semelhantes.
Na análise dos resultados, não houve diferença em mortalidade por todas as causas quando a idade era de 65 a 74 anos (p=0,062). Já pacientes com idade entre 65 e 69 anos houve redução de mortalidade em 11% no grupo que realizou rastreamento (HR 0,89, p = 0,004).
Quando avaliados desfechos secundários, houve redução da ocorrência de AVC em 7% (HR 0,93, p = 0,035) e na analise post-hoc, houve redução do desfecho composto de mortalidade, AVC e IAM em 7% (HR 0,93, p < 0,001).
Esses resultados provavelmente foram decorrentes de intervenções realizadas. O grupo submetido ao rastreamento fez mais uso de aspirina e estatinas (p < 0,001), sem diferença no uso de anticoagulantes, anti-hipertensivos ou antidiabéticos. Também não houve grandes diferenças nos desfechos de segurança.
Além disso, foi feita uma analise de custo-efetividade e a realização das avaliações gerou custo adicional de 207 euros por pessoa (incluindo gastos com rastreamento, medicações, consultas e hospitais). A avaliação de custo efetividade variou de acordo com a idade, sendo menor para os pacientes de 65 a 69 anos.
Esse estudo mostrou que apesar de não haver redução de mortalidade por todas as causas e doença cardiovascular em pacientes mais idosos que realizaram exame de rastreamento de doença cardiovascular, houve um subgrupo com potencial benefício, que foi o de 65 a 69 anos.
Algumas limitações foram que esse estudo foi realizado apenas com homens na Dinamarca e não sabemos se esses resultados podem ser extrapolados para outras populações. Além disso, não houve intervenção em alguns fatores de risco como o tabagismo e alguns fatores de risco tiveram diferença entre as regiões avaliadas, com possíveis diferenças socioeconômicas que não foram avaliadas entre as regiões.
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