Anualmente na Europa, aproximadamente 100 mil pacientes são admitidos no hospital, com retorno de circulação espontânea (RCE) após uma parada cardiorrespiratória (PCR), porém apesar de todos os avanços, mais de 50% evolui a óbito no hospital. Sabemos que há impacto do controle direcionado de temperatura no prognóstico desses pacientes, porém não há estudos randomizados que avaliaram as metas de oxigenioterapia e pressão arterial no contexto pós PCR.
Baseado nisso, foi feito o estudo BOX, um estudo randomizado que comparou uma estratégia restritiva com estratégia liberal de oxigênio e meta de pressão arterial (PA) baixa ou alta em um desenho 2×2
Foram incluídos 789 pacientes adultos com PCR de causa cardíaca presumida em 2 centros acadêmicos na Dinamarca. O desfecho primário foi mortalidade por todas as causas ou coma ou disfunção neurológica grave na alta.
Os pacientes tinham média de idade de 62,5 anos, 81% eram homens, 85% tinham ritmo inicial chocável e 44% tinham supra no eletrocardiograma.
A oxigenioterapia era oferta de forma liberal ou restritiva pelo ventilador mecânico e houve diferença significativa entre os grupos ao se avaliar a PaO2. Não houve diferença no desfecho primário entre os grupos quando comparados em relação a quantidade de oxigênio recebida. Ou seja, parece não haver grandes diferenças em ofertar muito ou pouco oxigênio no contexto pós PCR, sendo que pode não haver prejuízo ou piora de injúria cerebral isquêmica nesses pacientes.
A diferença de PA entre os grupos foi de mais de 10mmHg e alcançada com o uso de doses mais altas de vasopressores (PA média de 77mmHg x 63mmHg). Os valores de PA foram cegos durante o período do estudo, com uso de um dispositivo de calibração do sistema que falseava a PA para mais ou menos 10% do valor alvo de 70mmHg de PAm, atingindo as metas descritas acima. Também não houve diferença no desfecho primário. Ou seja, ter como meta uma PA maior no contexto pós PCR não se traduz em redução de risco de morte ou disfunção neurológica grave. Além disso, devemos ter cuidados com uso de doses excessivas de vasopressores, que pode ser prejudicial.
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