Logotipo Afya
Anúncio
Cardiologia31 agosto 2020

ESC 2020: Colchicina reduz eventos cardiovasculares em portadores de doença coronária crônica

O estudo LODOCO2 comparou o uso de colchicina 0.5 mg/dia vs placebo em 5.522 portadores de doença coronária crônica.

Como vimos em publicação anterior, a colchicina, um alcaloide derivado de extratos do açafrão-do-prado (Colchicum autumnale), atua na inibicão da divisão celular essa função interfere diretamente na atividade dos neutrófilos e inibe a formação do NLRP3 (estrutura multiproteica intracelular, importante para o processamento e a liberação das citocinas inflamatórias IL-1 e IL-18) induzida por cristais de ácido úrico.

Recentemente, tivemos a publicação de uma nova análise do COLCOT no congresso da European Society of Cardiology (ESC 2020), com publicação simultânea no European Heart Journal, demonstrando que o início precoce da colchicina (em até três dias, na dose de 0.5 mg/dia) reduziu significativamente o desfecho primário em 48% (4.3% vs 8.3%): RR 0.52 IC95%(0.32-0.84).

Os efeitos benéficos da iniciação precoce de colchicina também foram demonstrados para hospitalização urgente por angina que requer revascularização (RR = 0.35), revascularização coronária completa (RR = 0,63), e o desfecho composto de morte cardiovascular, parada cardíaca ressuscitada, IAM ou acidente vascular cerebral (RR = 0,55, todos P <0,05).

prontuário de paciente com doença coronária crônica que recebe colchicina

Colchicina e doença coronária crônica

Hoje, foi publicado no The New England Journal of Medicine e apresentado no ESC 2020 um novo estudo, o LoDoCo2. Trata-se de um estudo randomizado, multicêntrico, que comparou o uso de colchicina 0.5 mg/dia vs placebo em 5.522 portadores de doença coronária crônica.

O desfecho primário foi um composto de morte cardiovascular, infarto do miocárdio espontâneo (não procedimental), acidente vascular cerebral isquêmico ou revascularização coronária induzida por isquemia. O desfecho secundário foi um composto de morte cardiovascular, infarto do miocárdio espontâneo ou acidente vascular cerebral isquêmico.

Resultados

A duração mediana do acompanhamento foi de 28,6 meses. Um evento final primário ocorreu em 187 pacientes (6,8%) no grupo de colchicina e em 264 pacientes (9,6%) no grupo de placebo (incidência, 2,5 vs. 3,6 eventos por 100 pessoas-ano; razão de risco, 0,69; 95 % intervalo de confiança [CI], 0,57 a 0,83; P <0,001).

Um evento de desfecho secundário chave ocorreu em 115 pacientes (4,2%) no grupo de colchicina e em 157 pacientes (5,7%) no grupo de placebo (incidência, 1,5 vs. 2,1 eventos por 100 pessoas-ano; razão de risco, 0,72; IC de 95%, 0,57 a 0,92; P = 0,007).

As taxas de incidência de infarto do miocárdio espontâneo ou revascularização coronária induzida por isquemia (desfecho composto), morte cardiovascular ou infarto do miocárdio espontâneo (desfecho composto), revascularização coronária induzida por isquemia e infarto do miocárdio espontâneo também foram significativamente menores com colchicina do que com placebo.

A incidência de morte por causas não cardiovasculares foi maior no grupo colchicina do que no grupo placebo (incidência, 0,7 vs. 0,5 eventos por 100 pessoas-ano; razão de risco, 1,51; IC 95%, 0,99 a 2,31).

As limitações do estudo incluíram uma porcentagem menor do que o esperado de mulheres, bem como a falta de coleta de dados basais sobre pressão arterial, níveis de lipídios ou estado inflamatório que teriam permitido relatar os resultados de acordo com o controle dos fatores de risco.

Conclusão

Os resultados unificados deste estudo, somando aos resultados do estudo LODOCO e do COLCOT, fortalecem a hipótese da terapia anti-inflamatória da doença coronária, apesar da elevação não significa em morte não cardíaca (ainda sem explicação).

Mais do ESC 2020:

Referências bibliográficas:

  • Nidorf SM, et al. Colchicine in Patients with Chronic Coronary Disease. The New England Journal of Medicine. August 31, 2020. DOI: 10.1056/NEJMoa2021372. Available at <https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2021372?query=RP>
  • Tardif J-C, Kouz S, Waters DD, et al. Efficacy and safety of low-dose colchicine after myocardial infarction. N Engl J Med. DOI: 10.1056/NEJMoa1912388
  • Bouabdallaoui N, Tardif JC, Waters DD, et al. Time-to-treatment initiation of colchicine and cardiovascular outcomes after myocardial infarction in the Colchicine Cardiovascular Outcomes Trial (COLCOT), European Heart Journal, , ehaa659,
Anúncio

Assine nossa newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Ao assinar a newsletter, você está de acordo com a Política de Privacidade.

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo