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Saúde5 agosto 2024

Uso de polivitamínicos e risco de mortalidade

Por questão de saúde pública, é importante tentar entender a relação do uso de polivitamínicos e mortalidade.
Por Livia Capuxim

O uso de polivitamínicos é bastante comum na população geral, usualmente com o objetivo de melhorar a saúde ou de prevenir doenças crônicas. Por isso é importante tentar entender a relação do uso de polivitamínicos e mortalidade, por questão de saúde pública.

Este estudo tem como objetivo investigar a hipótese de associação do uso diário de polivitamínicos com menor risco de mortalidade entre adultos saudáveis com base em dados de três grandes estudos de coorte geograficamente distintos dos Estados Unidos.

Leia mais: ACP 2024: Vitaminas – precisamos suplementá-las?

polivitamínicos

Método

Estudo de coorte que usou dados de três estudos de coorte prospectivos nos Estados Unidos, cada um com uma linha de base de início do uso de polivitamínicos (avaliado de 1993 a 2001) e seguimento do uso (avaliado de 1998 a 2004).

Os participantes são adultos, sem história de câncer ou de outras doenças crônicas. Os três estudos dos quais os participantes faziam parte: Estudo de Dieta e Saúde dos Institutos Nacionais de Saúde – AARP (327732 participantes), Ensaio de rastreio de câncer de próstata, pulmão, colorretal e ovariano (42732 participantes), Estudo de Saúde Agrícola (19660 participantes). A análise de dados foi realizada entre junho 2022 e abril 2024. O desfecho principal foi mortalidade.

Resultados e discussão

Do total de 390124 participantes, 164762 morreram ao longo do estudo (ordem decrescente de causa: câncer, doenças cardiológicas, doenças cerebrovasculares). Entre os usuários diários de polivitamínicos, 49,3% foram mulheres e 42% com formação universitária (39,3% e 37,9% respectivamente entre os não usuários). Comparativamente, os usuários tinham menor IMC, melhor qualidade da dieta, e eram mais propensos a usar suplementos individuais.

Na análise agrupada, os usuários diários de polivitamínicos apresentaram maior risco de morte do que os não usuários, mas com razão de risco próxima a 1,0 para risco de mortalidade para todas as causas, doenças cardíacas, câncer, doenças cerebrovasculares.

Como resultado, este estudo com mais de 20 anos de seguimento mostrou que o uso diário de polivitamínicos não está associado com benefício em mortalidade. Pelo contrário, mostrou um aumento no risco de mortalidade em 4%.

Veja também: Mortalidade entre os usuários de anabolizantes esteroides

Impactos na prática clínica:

O estudo não mostrou benefício de mortalidade associado ao uso diário de polivitamínicos. Isto serve de alerta para o uso corriqueiro e indiscriminado de polivitamínicos pela população geral, ainda com o intuito de melhorar a saúde ou de prevenir doenças.

Limitações:

– É um estudo observacional e pode ter uma confusão residual por fatores de confusão medidos ou não que podem distorcer as estimativas de risco;

– Existe a possibilidade de classificação incorreta de exposição por falha na memória por uso esporádico de polivitamínicos (por isso focaram a interpretação no uso diário x não uso);

– É existente a possibilidade de viés de seleção porque os participantes com dados incompletos poderiam ser bastante diferentes daqueles com dados completos;

– Indivíduos brancos predominam nos 3 estudos, mas o grupamento dos estudos melhorou o poder estatístico para análises de subgrupos;

– Não há como avaliar a latência de associação do uso de polivitamínicos e associação cumulativa ao longo da vida.

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Referências bibliográficas

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