A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório inédito alertando que menos de um terço dos países do mundo possui políticas nacionais para lidar com o crescente impacto dos transtornos neurológicos. De acordo com o documento, eles são responsáveis por mais de 11 milhões de mortes anuais e que afetam cerca de 40% da população global, o equivalente a mais de 3 bilhões de pessoas.
As dez principais condições neurológicas associadas à morte e à incapacidade, segundo o relatório, são: acidente vascular cerebral (AVC), encefalopatia neonatal, enxaqueca, doença de Alzheimer e outras demências, neuropatia diabética, meningite, epilepsia idiopática, complicações neurológicas associadas à prematuridade, transtornos do espectro autista e cânceres do sistema nervoso.
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Principais desafios no cuidado de transtornos neurológicos
A desigualdade no acesso à assistência é um dos principais desafios, a organização aponta que países de baixa renda contam com até 82 vezes menos neurologistas por 100 mil habitantes em comparação aos países ricos. Além disso, apenas 32% dos países-membros da OMS têm uma política nacional para essas doenças, e só 18% possuem financiamento específico para enfrentá-las. A falta de estrutura impede diagnósticos precoces e o acesso a serviços essenciais, como unidades de AVC, neurologia pediátrica e reabilitação, especialmente em regiões rurais.
Diante desse cenário, a OMS cobra dos governos ações coordenadas e investimentos sustentáveis para fortalecer o cuidado neurológico, promover a saúde cerebral e reduzir as desigualdades globais.
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Saúde mental
No Brasil, enquanto o país ainda enfrenta desafios no campo da neurologia, o Sistema Único de Saúde tem mostrado avanços expressivos na área da saúde mental, segundo o Ministério da Saúde. Apenas no primeiro semestre de 2025, foram realizados 192 mil atendimentos, um aumento de 20% em relação a 2023.
Esse crescimento é resultado do fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), que hoje soma mais de 6,2 mil serviços em todo o país e recebeu investimento recorde de R$ 2,25 bilhões. A expansão inclui a criação de novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Serviços Residenciais Terapêuticos e Unidades de Acolhimento, além da formação contínua de equipes multiprofissionais.
Enquanto a OMS destaca a urgência de políticas globais para doenças neurológicas, o avanço da RAPS no Brasil aponta um caminho possível: investir em cuidado integral, ampliar o acesso e garantir que o bem-estar mental e neurológico sejam prioridades na saúde pública.
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Autoria

Roberta Santiago
Roberta Santiago é jornalista desde 2010 e estudante de Nutrição. Com mais de uma década de experiência na área digital, é especialista em gestão de conteúdo e contribui para o Portal trazendo novidades da área da Saúde.
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