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Pediatria30 setembro 2025

AAP 2025 - Atualizações em cefaleia na infância

Durante o AAP 2025, foi abordado o manejo da cefaleia na atenção primária, com foco em estratégias acessíveis e eficazes para o pediatra geral.
Por Jôbert Neves

A cefaleia é uma das queixas neurológicas mais prevalentes na infância e adolescência, com impacto direto na qualidade de vida, desempenho escolar e bem-estar emocional. Estima-se que 10% das crianças sofram de enxaqueca, gerando não apenas sofrimento individual, mas também custos significativos com saúde e perda de produtividade. Durante o AAP 2025, em Denver, a Dra. Meghan Candee apresentou uma aula prática e atualizada sobre o manejo da cefaleia na atenção primária, com foco em estratégias acessíveis e eficazes para o pediatra geral.

Quais são os pontos essenciais para o pediatra?

O primeiro passo é diferenciar cefaleias primárias, como enxaqueca e cefaleia tensional, das secundárias, que podem sinalizar condições mais graves. A enxaqueca costuma ser pulsátil, de intensidade moderada a severa, unilateral ou bilateral, e acompanhada de sintomas como náusea, vômito, fotofobia e fonofobia. Já a cefaleia tensional é mais leve, bilateral e em pressão, sem agravamento com atividade física.

A presença de aura, com sintomas visuais, sensoriais ou de linguagem, pode preceder a dor e ajuda no diagnóstico. A prevalência da enxaqueca aumenta após a puberdade, especialmente em meninas, e pode evoluir para formas crônicas. Por isso, é essencial reconhecer padrões preocupantes como início súbito, mudança no padrão habitual ou sintomas neurológicos associados.

Quando solicitar exames de imagem?

A decisão de solicitar exames de imagem deve ser baseada em critérios clínicos bem definidos. Sinais de alerta incluem início agudo, dor intensa, idade inferior a 3 anos, ausência de história familiar, aura persistente, alterações de consciência, rigidez de nuca, sintomas posicionais ou alterações de marcha. O mnemônico SNOOP é uma ferramenta útil para lembrar desses sinais de alarme.

O tratamento agudo deve ser iniciado precocemente, com foco em eficácia e segurança. Analgésicos comuns são eficazes em muitos casos, mas triptanos como rizatriptana e zolmitriptana são opções seguras e aprovadas para crianças a partir de 6 anos. Quando a frequência das crises ultrapassa duas vezes por semana ou há impacto funcional importante, deve-se considerar a profilaxia medicamentosa com opções como topiramato, amitriptilina, propranolol ou suplementos como riboflavina e magnésio.

A prevenção não farmacológica é igualmente importante. A abordagem SMART propõe metas práticas: sono regular, alimentação e hidratação adequadas, atividade física frequente, técnicas de relaxamento e controle do estresse, além da identificação e manejo de gatilhos. O uso excessivo de medicamentos pode cronificar a dor, sendo fundamental orientar sobre limites no uso de analgésicos e triptanos.

Mensagem prática

  • Incorpore a triagem de sinais de alerta em todas as consultas com queixa de cefaleia;
  • Oriente famílias sobre a importância de hábitos saudáveis com metas claras e alcançáveis;
  • Considere iniciar profilaxia medicamentosa quando a frequência ou o impacto das crises for elevado;
  • Reforce a necessidade de evitar o uso excessivo de analgésicos para prevenir cefaleia de rebote;
  • Esteja atento às síndromes periódicas da infância, especialmente em pacientes com histórico familiar de migrânea.

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