A doença inflamatória intestinal pediátrica (DIIP) é uma condição de caráter crônico, autoimune e recidivante com potencial de acometimento de todo o trato gastrointestinal. Podendo ser dividida em doença de Crohn (DC), retocolite ulcerativa (RCU) ou colite indeterminada (CI), como resultado de fatores imunológicos, genéticos, ambientais, do microbioma, do metaboloma, dentre outros.
A palestra da Dra. Vanessa Scheeffer, de Porto Alegre, abriu o curso pré-congresso de doença inflamatória intestinal (DII) do 18 Congresso Brasileiro de Gastroenterologia e Hepatologia Pediátrica, que acontece em Goiânia entre os dias 6 e 12 de abril.
Durante a apresentação, teve destaque a história da evolução da DII, desde a sua primeira descrição em 1859 e passando pelo panorama atual de aumento da incidência e prevalência na população pediátrica, reforçando a maior prevalência entre 10 e 17 anos, com predomínio de DC.
Como realizar a prevenção da DII nos pacientes pediátricos?
A manutenção de um hábito de vida saudável e uma atenção maior para a alimentação dos pacientes foi um ponto de discussão importante como estratégia de prevenção da DIIP. Alimentos classificados como pró-inflamatórios (multiprocessados, excesso de gorduras em seus preparos) são tidos como fator de risco para o desenvolvimento da doença, sendo as evidências direcionadas fortemente para a DC.
Uma coorte apresentada por Chun-Han Lo et al, publicada em 2020, e citada durante a explanação, reforçou a relação entre dieta pró-inflamatória e desfechos negativos relacionados a DIIP.
Uma outra preocupação pertinente à assistência dos pacientes com DIIP são os desfechos cirúrgicos negativos, visto que em pediátrica há um espectro de apresentação de maior gravidade podendo resultar em manejo cirúrgico devido o não controle da doença. Diante disso, fatores de risco foram reconhecidos, veja:
Fatores que levam à risco cirúrgico:
- Idade > 13 anos;
- Doença de apresentação ileal (que costuma apresentar caráter mais invasivo)
- Pacientes com atraso do crescimento ao diagnóstico
Apesar da baixa prevalência, o risco de câncer é sim outra preocupação inerente ao cuidado do paciente do DIIP. Nos pacientes sem doença em remissão, com constante processo inflamatório não controlado, a presença de disbiose e o uso de medicações como as tiopurinas e os anti-TNF são fatores de risco para câncer em tais pacientes e devem ser a base de ação para a prevenção desse desfecho.
Afinal, o que esperar do futuro das DIIP?
Pesquisadores pediátricos têm sido pioneiros na atuação e em estudos sobre o impacto da alimentação da DIIP. Um dos destaques relatados pela palestrante com expertise na área, foi a crescente utilização de dieta de carboidratos específicos e a dieta de exclusão nos pacientes com DC, temas que serão discutidos com mais profundidade no decorrer do congresso.
Como você avalia este conteúdo?
Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.