Um dos espectros de apresentação da alergia alimentar não-IgE mediada é a síndrome da enterocolite induzida por proteínas alimentar (FPIES), uma doença com potencial de gravidade caracterizada em sua forma clássica por sinais e sintomas desencadeados após à ingestão alimentar, com destaque para a proteína do leite de vaca. Outros alimentos como arroz, soja e aveia também estão envolvidos na gênese dos sinais e sintomas desta condição.
FPIES
A FPIES pode ser classificada como aguda ou crônica, típica ou atípica, no entanto, aqui vamos no ater a descrição dos sinais e sintomas de FPIES aguda. Neste fenótipo, os pacientes podem apresentar os seguintes sinais e sintomas:
- Vômitos nas primeiras quatro horas;
- Diarreia aquosa entre cinco a dez horas após o início dos sintomas;
- Hipotermia;
- Letargia;
- Hipotonia;
- Palidez;
- Desidratação;
- Choque;
- Hipotensão nas primeiras duas horas – em cerca de 15 a 20% dos pacientes.
Nessa condição, os sintomas têm duração média de 24 horas, ficando o paciente assintomático entre os períodos de crise com a reprodutibilidade dos sintomas quando o paciente é exposto ao alimento alergênico causador do sintoma reforça o diagnóstico. A palestrante Dra. Elisa de Carvalho, do Hospital da Criança de Brasília, compartilhou no 18° Congresso Brasileiro de Gastroenterologia e Hepatologia Pediátrica, como é realizado em seu serviço o teste de provocação oral (TPO), método padrão-ouro, para o diagnóstico e avaliação de tolerância nos pacientes com FPIES. Segue:
- Preparo pré-teste: Coleta de hemograma;
- Aferição de sinais vitais;
- Oferta do alérgeno: 0,3g/kg dividido em três fases, com intervalos de 30 minutos entre cada fase;
- Tempo de observação mínimo de quatro horas.
Apesar da possibilidade de gravidade no TPO de tais pacientes, a confirmação diagnóstica é fundamental para que a exclusão inadvertida de alimentos não seja realizada, repercutindo em uma potencial seletividade alimentar e/ou deficiência nutricional. Desta forma, a realização do TPO em ambiente hospitalar, controlado, sob supervisão médica e com suporte para o paciente é imprescindível para segurança na execução do teste e para o cuidado integral ao paciente.
Por fim, os diagnósticos diferenciais para os pacientes com TPO negativo devem ser avaliados, com destaque para os erros inatos do metabolismo, sepse, refluxo gastroesofágico grave e outras enteropatias.
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