A dor no joelho é uma queixa comum em adolescentes, mas nem sempre envolve a realização de exames de imagem para investigação. A frequência de alterações patológicas ou de variantes da normalidade nos exames de ressonância magnética (RM) executados nessa faixa etária não é, entretanto bem documentada.
Estudos anteriores sugerem que anormalidades e variantes normais do joelho em exames de ressonância magnética são muito comuns em adultos, com uma prevalência de pelo menos uma anormalidade em até 97% dos exames. Com a finalidade de investigar a presença desse tipo de alterações em adolescentes, um estudo foi elaborado e recentemente publicado em uma revista ortopédica de alto impacto científico.
O estudo
Trata-se de uma análise transversal de um estudo do tipo coorte que examina saúde, crescimento e desenvolvimento dos participantes desde a vida fetal até a idade adulta. No período compreendido entre 2017 e 2020, adolescentes com idades entre 12 e 15 anos realizaram exames de Ressonância Nuclear Magnética (RNM) de ambos os joelhos.
As imagens foram avaliadas de forma padronizada para identificar a presença de anormalidades e variantes normais. Dados incluindo idade, sexo, altura, peso e índice de massa corporal foram registrados. Foram realizadas análises de regressão logística para investigar a associação desses parâmetros com as alterações de imagem.
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Resultados
O estudo incluiu 1910 adolescentes com idade mediana de 13,5 anos sendo 52% meninas. Cerca de 370 participantes (19,4%) apresentaram pelo menos uma anormalidade ou variante normal nos exames realizados. O edema da medula óssea foi o achado mais frequente, afetando 140 (7,3%) dos jovens. Fibromas não ossificantes foram identificados em 107 (5,6%) dos adolescentes.
Outros achados incluíram alterações compatíveis com a doença de Osgood-Schlatter em 43 (2,3%) participantes, síndrome de Sinding-Larsen-Johansson em 16 (0,8%) e osteocondrite dissecante em 13 (0,7%). Variantes como meniscos discoides foram observados em 40 (2,1%) casos, e a patela bipartida foi encontrada em 21 (1,1%) adolescentes.
Foram identificadas várias associações entre as condições encontradas e as características dos participantes, como o edema da medula óssea sendo mais comum em meninos e em jovens com IMC-SD mais baixo. Uma possível explicação pode ser que esses pacientes estão mais envolvidos em esportes de colisão ou impacto e vivenciam mais incidentes traumáticos por causa disso e que aqueles com maior atividade esportiva tenham menor IMC.
A presença da doença de Osgood-Schlatter e da osteocondrite dissecante também foi mais frequente em meninos. Meniscos discoides foram mais comuns em indivíduos de etnia não ocidental e com IMC-SD mais elevado.
Conclusão
Os achados desse estudo indicam que as anormalidades e variantes normais em exames de RNM de joelhos são frequentes entre adolescentes. Profissionais de saúde envolvidos na avaliação de queixas relacionadas às dores no joelho devem estar cientes dessa prevalência, a fim de evitar o risco de diagnósticos incorretos ou tratamentos desnecessários.
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