O uso de AINEs influencia na taxa de consolidação de fraturas?
O retardo de consolidação ou não consolidação (pseudoatrose) pode acontecer em cerca de 10% das fraturas por fatores relacionados ao próprio osso acometido, como o tipo de vascularização, relacionados ao paciente, como idade, tabagismo, nutrição e comorbidades e relacionados ao trauma, como o grau de contaminação e exposição.
Há uma divergência na literatura quanto a se o uso de anti-inflamatórios não-esteroidais (AINEs) pode acabar contribuindo para um retardo de consolidação ou pseudoartrose. Essas medicações são comumente utilizadas no contexto de trauma e é importante que haja evidência respaldando ou não sua utilização quando no tratamento de fraturas. Visto isso, foi publicada recentemente na revista “Frontier” uma revisão sistemática com o objetivo de reunir e sintetizar evidências atuais sobre a influência potencial dos AINEs na cicatrização óssea.
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O ESTUDO
O estudo utilizou como base de dados artigos publicados no Pubmed, Embase e Cochrane até 2023. Foram incluídos pacientes submetidos a cirurgias ortopédicas por fratura ou osteotomia em que a taxa e tempo de consolidação foi comparada entre participantes que receberam e que não receberam AINEs. Os desfechos principais avaliados foram a relação do uso de AINEs com taxa de reoperação ou pseudoartrose.
Assim, 20 estudos com 523.240 pacientes foram incluídos na análise. A idade média dos pacientes variou de 6,7 a 77,0 anos, com follow up de 3 a 67 meses. A meta-análise não revelou nenhuma diferença significativa na pseudoartrose ou retardo de consolidação entre usuários e não usuários de AINEs [razão de chances ajustada (OR) combinada = 1,11; intervalo de confiança (IC) de 95%: 0,99–1,23].
A análise inicial identificou uma associação significativa entre o uso de AINEs e um risco aumentado de reoperação, mas essa associação se tornou insignificante após a análise de sensibilidade (OR bruta = 1,42; IC de 95%: 0,88–2,28).
CONCLUSÃO
De acordo com essa revisão sistemática, o uso de AINEs não influencia na taxa de pseudoartrose ou retardo de consolidação de fraturas. É sempre importante lembrar que os resultados dependem da dose e da duração do tratamento. Mais estudos seriam necessários levando também em consideração esses fatores.
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