No estudo Formula Supplementation on First Day of Life in Breastfed Infants: How Much Is Too Much?, apresentado no 2022 AAP Experience, pesquisadores de Michigan exploraram os fatores associados à suplementação e correlacionaram com o perfil alimentar, incluindo volume de complemento e a incidência de intolerância alimentar (IA) em neonatos em aleitamento materno que receberam fórmula nas primeiras 24 horas de vida.
A American Academy of Pediatrics (AAP) recomenda o aleitamento materno exclusivo, começando dentro de uma hora após o nascimento. Embora as mães sejam encorajadas a permitir que os bebês sejam amamentados sob livre demanda com base em suas necessidades nutricionais, os cuidadores e profissionais de saúde podem sentir a necessidade de complementar a amamentação com fórmula devido a várias razões, incluindo, mas não se limitando, a preocupações quanto a produção insuficiente de leite ou ingestão infantil abaixo do ideal. Como existem diretrizes limitadas sobre a quantidade de fórmula e as taxas de intervalo no primeiro dia de vida, existe o risco de suplementação excessiva que pode causar intolerância alimentar (IA) e, posteriormente, levar à diminuição do volume da fórmula ou até mesmo à troca de fórmulas.
Metodologia
Foi efetuada uma revisão retrospectiva de prontuários (de um único centro) de neonatos nascidos de março de 2018 a março de 2021 com idade gestacional (IG) igual ou superior a 35 semanas e admitidos no berçário após o nascimento. Foram avaliadas variáveis demográficas maternas e infantis, bem como dados de alimentação nas primeiras /24 horas de vida. Os casos foram definidos como lactentes com IA evidenciada por documentação de êmese, distensão abdominal e/ou mudança para uma fórmula sensível nas primeiras 24 horas de vida.
Resultados
Foram incluídos 6.650 lactentes, sendo que 1456 (21,9%) foram amamentados exclusivamente ao seio (Grupo B) e 3102 (46,6%) receberam suplementação além do aleitamento materno (Grupo S). Fatores neonatais (peso ao nascer e IG), bem como dados demográficos maternos, tipo de seguro de de saúde, tipo de parto, anestesia durante o parto e história de diabetes, hipertensão e doença psiquiátrica foram analisados em relação à suplementação com fórmula. A incidência de IA foi maior no Grupo S (20,4% versus 3,0%; p< 0,0001) e associada a uma maior mediana de ingestão de volume em mL/kg (12,4 versus 10,6; p< 0,0001). Após o ajuste para variáveis de confusão, houve um aumento incremental nas chances de IA com volume de fórmula de 5 a 10 mL/kg (odds ratio [OR] = 2,8); 10-15mL/kg (OR = 4,7) e > 15mL/kg (OR = 5,2).
Conclusão
A identificação de fatores relacionados à suplementação com fórmula pode ajudar a alocar melhor os recursos para aumentar as taxas de aleitamento materno precoce. Em lactentes que recebem suplementação nas primeiras 24 horas de vida, maiores volumes estão associados à intolerância alimentar. Portanto, a elaboração de diretrizes estipulando a quantidade segura de suplementação seriam benéficas no berçário.
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