Em uma palestra apresentada no AAP Experience 2022, pesquisadores da Universidade do Havaí, nos Estados Unidos, descobriram que o risco de concussão pode ser maior para atletas que jogam em campos de grama sintética em comparação com a grama natural.
As concussões em atletas do ensino médio impactam negativamente na atenção e na concentração, além de estarem associadas de forma negativa ao desempenho acadêmico. Segundo Ian Chun, aluno de terceiro ano de medicina e apresentador do tema no congresso, “embora os campos de futebol de grama sintética estejam aumentando em popularidade devido aos custos de manutenção mais baixos, eles também estão associados a mais lesões no tornozelo e no joelho”.

Métodos
No estudo Impact Force Differences on Natural Grass Versus Synthetic Turf Football Fields, grama natural e sintética foram comparadas, avaliando a desaceleração no impacto da queda. O objetivo foi determinar se existe diferença na força de desaceleração aplicada a atletas pediátricos entre os dois tipos de campo. A medida primária de avaliação foi a desaceleração de um manequim no impacto com o campo.
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Para essa avaliação, acelerômetros foram colocados na testa, ápice da cabeça e orelha direita de um manequim Century Body Opponent Bag (BOB). Um capacete de futebol Riddell foi preso na cabeça do manequim sobre os acelerômetros. Este manequim foi largado em campos de futebol de grama natural e sintética a partir de uma posição estacionária a uma altura de 60 cm na sua frente, costas e lado esquerdo.
Resultados
Foram coletados dados em 1.710 quedas totais de 10 campos de futebol de grama natural e 9 de grama sintética. Para as quedas para frente e para trás, todos os acelerômetros mostraram uma desaceleração de impacto significativamente maior na grama sintética em comparação com as superfícies de grama natural. Para as quedas laterais, o acelerômetro apex apresentou uma desaceleração de impacto significativamente maior na grama sintética.
Considerações
Para Chun, “embora sejam necessárias mais pesquisas para avaliar todos os riscos de diferentes superfícies de jogo, isso pode ajudar a orientar as decisões de manejo esportivo e criar ambientes de jogo mais seguros”. “Nossas descobertas mostram que, quando consideramos a segurança no esporte, precisamos ampliar nossa visão para incluir os espaços onde jogamos”. Portanto, o risco de traumatismo cranioencefálico deve ser cogitado, não apenas o risco de lesões ortopédicas.
Autoria

Roberta Esteves Vieira de Castro
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra
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