A otite média com efusão, ou otite média serosa (OMS), é uma patologia que consiste na presença de líquido no ouvido médio sem a presença de sinais infeciosos.
Patologia de alta prevalência, principalmente nos primeiros anos de vida (até 90% das crianças em idade pré-escolar vão apresentar ao menos um episódio), apresenta baixa taxa de melhora espontânea ou com tratamento clínico, muitas vezes sendo indicado tratamento cirúrgico: timpanotomia isolada ou timpanotomia associada à adenoidectomia.
A hipertrofia da adenoide e a presença de biofilmes bacterianos na adenoide são fatores associados à patogênese da OMS: no primeiro caso por obstrução do óstio da tuba auditiva, e no segundo caso por colonização bacteriana no ouvido médio por contiguidade). Tais associações levaram Alamri e seu grupo a realizar um estudo com objetivo de entender as diferenças entre a realização de timpanotomia com ou sem adenoidectomia nos casos de OMS.
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Metodologia
Foram selecionados 99 resultados para análise através da AMSTAR (ferramenta para avaliação de revisões sistemáticas) e, seguindo as diretrizes do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and MetaAnalyses), cinco resultados foram incluídos nessa meta-análise.
Resultados e Discussão
A comparação da realização de timpanotomia com ou sem adenoidectomia foi feita através dos benefícios alcançados pelo procedimento cirúrgico. Dessa forma, quatro medidas de eficácia foram analisadas: episódios de otite média aguda, número de episódios de otite média aguda acumulados, irmãos com otite média, e perda auditiva (medida em decibéis, em ambos os ouvidos).
Dessas quatro medidas analisadas, apenas no último caso houve diferença estatística entre os procedimentos nos estudos analisados. Em relação ao quadro de otite média não foi identificada diferença.
A realização da adenoidectomia em associação à timpanotomia tem o propósito de melhorar a função da tuba auditiva, o que, promovendo melhor via de ventilação, acarretaria um melhor desfecho nos quadros de otite média serosa. Entretanto, o estudo não leva em consideração a realização de adenoidectomia de maneira convencional ou por via endoscópica – sua diferenciação poderia impactar nos resultados apresentados.
No caso da avaliação da função auditiva, a adenoidectomia associada à timpanotomia tem melhor resultado auditivo a curto e longo prazo, conforme foi identificado nessa revisão.
A normalização dos limiares auditivos, principalmente nas crianças (principal população acometida), permite desenvolvimento adequado da linguagem e do aprendizado, além de prevenir distúrbios de desenvolvimento.
Mensagem prática
A realização de adenoidectomia associada à timpanotomia deve ser avaliada individualmente em cada caso. A revisão corrobora a realização dos procedimentos combinados em casos em que há indicação de melhorar o padrão auditivo do paciente. Portanto, a avaliação audiométrica se torna ainda mais importante no contexto de tratamento da otite média serosa, permitindo avaliar adequadamente os benefícios e os riscos do procedimento indicado.
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