Logotipo Afya
Anúncio
Pediatria18 setembro 2023

AAP atualiza recomendações sobre a avaliação auditiva em crianças e adolescentes

Recentemente, a Academia Americana de Pediatria (AAP) atualizou suas recomendações acerca da avaliação da audição em crianças.

Nos Estados Unidos, aproximadamente entre uma e três a cada mil crianças nascem com limiares auditivos atípicos. Esses pacientes são reconhecidos como surdos ou com deficiência auditiva (S/DA) em decorrência da triagem auditiva neonatal e posterior avaliação audiológica. Outras uma e três a cada mil crianças tornar-se-ão S/DA mais tarde na infância. Essas alterações nos limiares auditivos podem ser atribuídas a condições congênitas ou genéticas que se manifestam com uma alteração tardia na audição ou com uma variedade de causas adquiridas. 

     Recentemente, a Academia Americana de Pediatria (AAP) atualizou suas recomendações acerca da avaliação da audição em crianças além do período neonatal. A publicação vigente substitui o relatório clínico divulgado previamente em 2009 intitulado “Avaliação auditiva em bebês e crianças: recomendações além da triagem neonatal”. As alterações incluem informações atualizadas sobre avaliação de risco e fornece orientação aos prestadores de cuidados primários pediátricos sobre a avaliação e cuidados de crianças S/DA (desde bebês até a adolescência). 

Saiba mais: AAP atualiza recomendações sobre segurança de pedestres infantis

AAP atualiza recomendações sobre a avaliação auditiva em crianças e adolescentes

AAP atualiza recomendações sobre a avaliação auditiva em crianças e adolescentes

Recomendações

Recomendação 1: Todas as crianças devem ser submetidas a uma avaliação de risco para alterações nos limiares auditivos, utilizando fatores de risco objetivos e baseados em evidências para alterações auditivas de início tardio. Independentemente de fatores de risco, todas as crianças devem ter a sua audição avaliada de acordo com as atuais recomendações da Bright Futures/AAP para Cuidados Preventivos de Saúde Pediátrica – Quadros 1 e 2. 

Quadro 1: Classificação dos fatores de risco perinatais e recomendações de acompanhamento e monitoramento 

Acompanhamento recomendado Classificação dos fatores de risco perinatais Frequência de monitoramento 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

Aos 9 meses 

História familiar de perda auditiva permanente na infância, precoce, progressiva ou de início tardio Com base na etiologia da perda auditiva familiar e na preocupação do cuidador 
Internação na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal > 5 dias  

 

De acordo com preocupações de vigilância contínua das habilidades auditivas e marcos da fala 

Hiper bilirrubinemia com exsanguinotransfusão, independentemente do tempo de internação 
Administração de aminoglicosídeos > 5 dias 
Asfixia ou encefalopatia hipóxico-isquêmica  
Infecções intra uterinas, como herpes, rubéola, sífilis e toxoplasmose De acordo com preocupações de vigilância contínua 
Certas condições congênitas: 

  • Malformações craniofaciais, incluindo microtia/atresia, displasia de ouvido, fenda oral facial e microftalmia 
  • Microcefalia congênita, hidrocefalia congênita ou adquirida 
  • Anormalidades do osso temporal 
 

 

De acordo com preocupações de vigilância contínua das habilidades auditivas e marcos da fala 

>400 síndromes identificadas com limiares auditivos atípicos. De acordo com a história natural da síndrome ou preocupações 
 

 

O mais tardar 3 meses após a ocorrência 

Oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) A cada 12 meses – idade escolar ou em intervalos mais curtos com base nas preocupações dos pais ou responsáveis 
Infecção intra-uterina por citomegalovírus (CMV) A cada 12 meses – 3 anos ou em intervalos mais curtos com base nas preocupações dos pais/provedores de saúde 
Potenciais evocados auditivos de tronco encefálico (PEATE ou BERA) em 1 mês 
  • Mãe com zika e bebê sem evidência laboratorial e sem evidência clínica evidente 
  • Mãe com zika e bebê com evidência laboratorial de Zika com achados clínicos 
  • PEATE aos 4–6 meses ou audiometria de reforço visual. Aos nove meses 
  • PEATE aos quatro a seis meses; monitorar de acordo com o cronograma de periodicidade AAP 2022 

Fonte: Adaptado de Bower et al., 2023 

Quadro 2: Classificação dos fatores de risco perinatais ou pós-natais e recomendações de acompanhamento e monitoramento 

Acompanhamento recomendado Classificação dos fatores de risco perinatais ou pós-natais Frequência de monitoramento 
 

 

 

 

O mais tardar 3 meses após a ocorrência 

 

Infecções com cultura positiva associadas à perda auditiva neurossensorial, incluindo meningite ou encefalite bacteriana e viral confirmada (especialmente vírus do herpes e varicela) A partir dos 12 meses de idade escolar ou em intervalos mais curtos com base nas preocupações dos pais ou do provedor 
Eventos associados à perda auditiva: 

  • Traumatismo cranioencefálico significativo, especialmente relacionado a fraturas da base do crânio/osso temporal 
  • Quimioterapia 
 

De acordo com descobertas ou preocupações 

Cuidador preocupado com audição, fala, linguagem, atraso no desenvolvimento e/ou regressão no desenvolvimento  

 

Encaminhamento imediato 

 

 

De acordo com descobertas ou preocupações 

Fonte: Adaptado de Bower et al., 2023 

Recomendação 2: Crianças de todas as idades devem passar por uma triagem auditiva objetiva imediata se houver preocupação clínica ou preocupação do cuidador quanto a alterações auditivas permanentes ou contínuas – Quadro 3. 

Quadro 3: Métodos de triagem auditiva  

Tipo Idade Método 
Triagem do ouvido médio Todas as idades Timpanometria 
 

 

Triagem do ouvido interno 

 

Do nascimento aos 6 meses Resposta auditiva cerebral automática (AABR) 
Todas as idades Emissões otoacústicas (EOA) 
4 anos ou mais Audiometria tonal pura 

 

Fonte: Adaptado de Bower et al., 2023 

Leia também: Mastoidite aguda em crianças

Recomendação 3: Uma criança com teste positivo para limiares auditivos atípicos, em uma ou ambas as orelhas, deve ser encaminhada a um fonoaudiólogo para consulta diagnóstica e testes. 

Recomendação 4: A audiometria comportamental pode ser impossível ou imprecisa para algumas crianças com problemas de saúde de desenvolvimento e/ou comportamentais. Nessa situação, o encaminhamento à audiologia para realização de exame eletrofisiológico auditivo por meio do PEATE com sedação pode ser mais adequado. 

Recomendação 5: Os resultados da triagem auditiva neonatal e infantil devem ser revisados com as famílias e documentados para facilitar o rastreamento e o acompanhamento. 

Recomendação 6: Para evitar resultados falso-negativos e para evitar atrasos na identificação, no acesso ao idioma e no apoio, os testes de triagem não devem ser repetidos mais de uma vez antes do encaminhamento ao audiólogo para consulta e testes adicionais. 

Recomendação 7: Se a avaliação audiológica abrangente identificar a criança como S/DA, discutir a importância de apoiar a comunicação, o desenvolvimento da linguagem e as necessidades socioemocionais da criança nos ambientes familiar e escolar. Encaminhar para intervenção precoce especializada para crianças com S/DA. Outros encaminhamentos (audiologia, otorrinolaringologia, fonoaudiologia, oftalmologia, genética, desenvolvimento, etc.) também podem ser apropriados.

Autoria

Foto de Roberta Esteves Vieira de Castro

Roberta Esteves Vieira de Castro

Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Valença ⦁ Residência médica em Pediatria pelo Hospital Federal Cardoso Fontes ⦁ Residência médica em Medicina Intensiva Pediátrica pelo Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro. Mestra em Saúde Materno-Infantil (UFF) ⦁ Doutora em Medicina (UERJ) ⦁ Aperfeiçoamento em neurointensivismo (IDOR) ⦁ Médica da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ ⦁ Professora adjunta de pediatria do curso de Medicina da Fundação Técnico-Educacional Souza Marques ⦁ Membro da Rede Brasileira de Pesquisa em Pediatria do IDOR no Rio de Janeiro ⦁ Acompanhou as UTI Pediátrica e Cardíaca do Hospital for Sick Children (Sick Kids) em Toronto, Canadá, supervisionada pelo Dr. Peter Cox ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) ⦁ Membro do comitê de sedação, analgesia e delirium da AMIB e da Sociedade Latino-Americana de Cuidados Intensivos Pediátricos (SLACIP) ⦁ Membro da diretoria da American Delirium Society (ADS) ⦁ Coordenadora e cofundadora do Latin American Delirium Special Interest Group (LADIG) ⦁ Membro de apoio da Society for Pediatric Sedation (SPS) ⦁ Consultora de sono infantil e de amamentação ⦁ Instagram: @draroberta_pediatra

Como você avalia este conteúdo?

Sua opinião ajudará outros médicos a encontrar conteúdos mais relevantes.

Compartilhar artigo

Referências bibliográficas

Newsletter

Aproveite o benefício de manter-se atualizado sem esforço.

Anúncio

Leia também em Otorrinolaringologia