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Ortopedia22 setembro 2024

Quão difícil é a remoção de placas e parafusos de titânio?

Um estudo recente analisa de modo retrospectivo as dificuldades associadas à remoção de placas e parafusos de titânio. 
Por Rafael Erthal

O uso de implantes metálicos é constantemente realizado em cirurgias ortopédicas, especialmente para a fixação óssea de fraturas. Os materiais mais comuns utilizados para a confecção desses implantes são o aço inoxidável e o titânio.   

Os implantes de titânio possuem alguns benefícios em relação aos de aço inoxidável, incluindo uma maior resistência à corrosão e um módulo de elasticidade mais semelhante ao osso, no entanto existe uma preocupação relacionada com a dificuldade potencial de removê-los no futuro, especialmente devido à possibilidade de fusão a frio e desgaste dos parafusos.  

Um estudo recente analisa de modo retrospectivo as dificuldades associadas à remoção de placas e parafusos de titânio. 

 

O estudo 

Trata-se de um estudo retrospectivo incluindo uma amostra de pacientes operados entre 2017 e 2020 em um hospital de grande porte nos Estados Unidos. Foram incluídos pacientes que realizaram a remoção de placas e parafusos de titânio dos membros superiores ou inferiores, com idade mínima de 18 anos e maturidade esquelética completa.  

A facilidade de remoção dos implantes foi avaliada com base na ocorrência de solda a frio, presença de parafusos quebrados, parafusos desgastados, e da necessidade do uso de ferramentas especiais disponíveis em sets de parafusos quebrados.  

 

Resultados 

A amostra incluiu 157 pacientes, com idade média de 54 anos, sendo 59% do sexo feminino. Do total, 142 dois pacientes tiveram sua remoção realizada como procedimento eletivo planejado (90%) e 15 (10%) tiveram sua remoção realizada de forma emergencial (12 por infecção, 2 por falha, 1 por irritação local). No total, 1274 parafusos foram removidos: 14 (1,1%) apresentaram desgaste, 8 (0,6%) estavam soldados a frio, 42 (3,3%) estavam soltos, e 13 (1,0%) estavam quebrados.  

Entre as 183 placas removidas, 15 (8,2%) apresentaram crescimento ósseo sobre o implante, exigindo procedimentos adicionais para remoção. Um total de 12 (7,6%) procedimentos envolveram o uso de ferramentas avançadas para a remoção.  

Informações detalhadas sobre o tipo e tamanho dos parafusos estavam disponíveis para 958 (75%) dos casos e 48% deles eram do tipo bloqueados enquanto e 52% eram convencionais. Os tamanhos dos parafusos foram: 3,5 mm (49%), 2,7 mm (16%), 4,0 mm (10%), 2,4 mm (7%), 2,5 mm (8%), 5,0 mm (5%), 4,5 mm (2 %),2,3mm (2%),6,0mm (1%). 

As operações de remoção complicadas ocorreram após um tempo significativamente maior de implante in vivo (média de 3,7 vs. 1,1 anos, p = 0,036), ocorreram em pacientes mais jovens, foram mais frequentes em procedimentos nos membros inferiores (p = 0,034) e exigiram um tempo significativamente maior para a remoção (95 vs. 42 minutos, p < 0,001). 

 

Conclusão 

Apesar das preocupações relacionadas com a remoção dos implantes de titânio, esse estudo encontrou uma baixa taxa de desgaste, quebra e solda a frio dos parafusos durante o processo de remoção. No entanto, 7,6% das cirurgias de remoção exigiram o uso de ferramentas especiais e demandaram maior tempo cirúrgico.  

Esses achados são importantes para que cirurgiões ortopédicos possam planejar adequadamente a remoção dos implantes de titânio em pacientes, especialmente quando se trata de um implante localizado nos membros inferiores ou se ele foi implantado muito tempo antes da retirada. 

 

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