Com o fim do ano, se aproximam as festas onde é comum a utilização de fogos de artifício. Apesar de gerarem um belíssimo espetáculo visual, os fogos de artifício podem ser responsáveis por lesões graves, principalmente nos membros superiores. Geralmente acometem a mão dominante de indivíduos jovens, podendo levar desde abrasōes e pequenas queimaduras até a fraturas e amputações.
O tratamento dessas lesões geralmente requer múltiplas intervenções cirúrgicas de alta complexidade com confecção de retalhos para cobertura cutânea e um cuidado redobrado multidisciplinar com sucessivas trocas de curativos e reavaliações.
Visto isso, foi publicado recentemente no “Journal of Surgical Research” um estudo com o objetivo de apresentar uma análise atual dessas lesões.
Metodologia
O estudo foi retrospectivo em um banco de dados dos Estados Unidos, onde foram avaliadas variáveis como idade, etnia, localização da lesão e tipo de dispositivo de 2011 a 2020 em casos de lesões por fogos de artifício em hospitais do país. Os tipos de fogos de artifício foram categorizados e definidos como de queima ou explosão/detonação.
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Discussão e resultados
Assim, 1251 pacientes foram identificados no banco de dados, representando 47235 casos que se apresentaram aos departamentos de emergência nos Estados Unidos. A incidência foi de 1,42 por 100000 habitantes por ano e lesões na mão representaram cerca de 85% dos casos. A frequência de casos foi estável durante o período até 2020, que foi quase 70% maior do que a média anterior de nove anos.
Os pacientes eram geralmente jovens e do sexo masculino, com a maioria dos casos na faixa etária entre 10 a 29 anos e os homens com mais de três vezes mais probabilidade de se lesionar do que as mulheres. O ferimento mais comum foi queimadura e a semana de quatro de julho (festa de independência dos Estados Unidos) sozinha foi responsável por 53% dos casos.
Uma curiosidade do estudo foi um aumento significativo em casos durante a pandemia de covid-19 de 2020. A explicação pode ser que grande parte dos eventos oficiais relacionados ao quatro de julho foram cancelados em 2020, levando a mais fogos de artifício nas mãos de cidadãos comuns e não treinados, ocasionando mais lesões. Entretanto, curiosamente, esse aumento de casos foi diluído ao longo do ano e não concentrado nessa semana festiva.
Conclusão
Os dados do estudo podem ser usados para direcionar medidas de prevenção e campanhas para populações específicas de pacientes com maior risco de ferimentos, especialmente homens jovens, e para destacar o impacto de mudanças de política na disponibilidade de fogos de artifício.
O ideal é que tais dispositivos fiquem sob o controle de equipes especializadas e profissionais com o fim de gerar um espetáculo bonito e sem danos colaterais.
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