O uso de colar cervical após cirurgias de coluna é ou não aconselhável?

O uso de colares cervicais no pós-operatório de cirurgias da coluna cervical é questionável. Alguns estudos indicam que eles não interferem de maneira significativa nos resultados relatados pelos pacientes, assim como na dor ou nas taxas de consolidação das artrodeses, entretanto existem estudos que sugerem o oposto.   

Um recente artigo publicado avaliou o impacto do uso do colar cervical quanto aos resultados clínicos de pacientes no pós-operatório de cirurgias cervicais. 

Trata-se de uma revisão sistemática envolvendo uma busca no banco de dados PubMed incluindo estudos em inglês, com níveis de evidência de I a IV, publicados entre 1º de maio de 1986 e 3 de dezembro de 2023. 

 

Métodos  

Foram identificados e analisados 25 artigos que atendiam aos critérios de inclusão. Desses, onze estudos avaliaram os resultados funcionais nesses pacientes, indicando que em procedimentos de fusão cervical via anterior e posterior, o uso de colares cervicais demonstrou melhora nos resultados relatados pelos pacientes a curto prazo.   

Assim, cinco dos estudos incluídos na revisão investigaram a relação entre dor pós-operatória e uso de colar. A maioria dos estudos mostrou melhores resultados com o colar no período precoce e benefício mínimo com o uso prolongado do colar no pós-operatório. 

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Resultados 

Embora muitos cirurgiões utilizem o colar para aumentar as taxas de consolidação das artrodeses, dentre os estudos selecionados, 13 investigavam esse efeito e os dados deles não apontaram diferenças significativas quanto as taxas de consolidação usando ou não o colar. Por fim, quatro estudos nessa revisão analisaram o arco de movimento (ADM) comparando os grupos.    

Para procedimentos que preservam o movimento, como a laminoplastia cervical, o uso prolongado do colar foi associado a maiores taxas de dor no pescoço e à redução da amplitude final de movimento. Alguns estudos relataram também algumas complicações associadas ao uso prolongado do colar sendo as mais comuns a formação de úlceras de pressão e disfagia. 

 

Conclusão  

O uso do colar cervical no pós-operatório de procedimentos de fusão pode melhorar a dor e a função do paciente. Em procedimentos que preservam o movimento, os benefícios do uso do colar diminuem, e o uso prolongado pode resultar em dor e redução da ADM. O uso de colares cervicais no pós-operatório deve ser tratado como uma intervenção com seu próprio perfil de riscos e benefícios.   

Levar em consideração fatores como o tipo de abordagem cirúrgica realizada e a indicação dela, assim como dados demográficos do paciente, é importante para a tomada de decisão sobre usar ou não o colar. 

 

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