Artroplastia reversa vs fixação com placa: fraturas proximais do úmero em idosos
O tratamento de fraturas proximais do úmero é um tema controverso, entretanto, cerca de 20-30% destas fraturas são tratadas de forma cirúrgica em pacientes idosos. Um estudo recente publicado na revista científica “The Journal of Bone and Joint Surgery” descreve os resultados de um ensaio clínico que comparou a artroplastia total reversa de ombro com a redução aberta e fixação interna (osteossíntese) no tratamento de fraturas proximais do úmero com desvio em pacientes idosos com um tempo de seguimento de cinco anos. A hipótese era que a artroplastia proporcionaria melhores resultados clínicos em comparação com osteossíntese.
Métodos
O estudo consiste em um ensaio clínico randomizado multicêntrico, com cegamento simples, que comparou o uso da artroplastia reversa com a osteossíntese no tratamento de fraturas do úmero proximal do tipo B2 e C2, de acordo com a classificação AO/OTA, em pacientes entre 65 e 85 anos. No total, 124 pacientes foram alocados aleatoriamente para receber artroplastia reversa (64 pacientes) ou osteossíntese (60 pacientes). O desfecho primário foi a pontuação no escore Constant, enquanto os desfechos secundários incluíram a pontuação no escore de Ombro de Oxford, avaliações radiográficas e qualidade de vida.
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Resultados
Um total de 124 participantes foram incluídos no estudo, dentre os quais 90% eram do sexo feminino sendo a idade média da amostra de 75 anos. Ao final de cinco anos, 65 dos 124 pacientes estavam disponíveis para avaliação. A pontuação média no escore Constant foi de 71,7 no grupo tratado com artroplastia reversa, em comparação com 58,3 no grupo de osteossíntese, indicando uma diferença significativa de 13,4 (IC 95%, 5,2 a 21,7) em favor da artroplastia (p = 0,002).
Em pacientes com fraturas tipo C2, a pontuação média no Constant foi de 73,3 no grupo de artroplastia reversa, em comparação com 56,0 no grupo de osteossíntese, com uma diferença significativa de 17,3 (IC 95%, 7,5 a 27,0) em favor da artroplastia (p = 0,001). Para fraturas tipo B2, a diferença foi de 8,1 (IC 95%, −7,3 a 23,3), mas sem significância estatística (p = 0,29).
Conclusão
Esse estudo sugere que o tratamento com artroplastia reversa se comporta de modo superior à fixação com placa em fraturas desviadas do úmero proximal em idosos, especialmente em pacientes com fraturas tipo C2 e na faixa etária de 65 a 74 anos. Os benefícios dessa escolha parecem ser menos pronunciados em pacientes com fraturas tipo B2 ou com idade superior a 75 anos.
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