Em casos de gripe, a internação hospitalar é indicada em pacientes com alto risco de evolução para síndrome respiratória grave e pacientes em síndrome respiratória aguda grave. Já o seguimento ambulatorial é indicado para quadros benignos em indivíduos hígidos não necessitam de consulta de retorno.
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Em mais uma publicação de conteúdos compartilhados do Whitebook, vamos revisar a apresentação clínica e a abordagem diagnóstica da gripe, também conhecida pela comunidade médica como influenza.
Apresentação clínica da influenza
Principais queixas agudas (síndrome gripal)
Mal-estar |
Astenia |
Mialgia |
Cefaleia frontal e retro-orbital |
Tosse |
Obstrução nasal |
Rinorreia com coriza hialina |
Anorexia |
Náuseas |
Odinofagia |
Taquicardia |
Lacrimejamento e/ou olhos vermelhos |
A síndrome febril não é obrigatória, mas pode aparecer de forma súbita com temperaturas entre 37,8-40°C e durar em torno de três dias. Comumente, a influenza apresenta resolução espontânea em aproximadamente sete dias, porém as manifestações clínicas como tosse, mal-estar e fadiga podem permanecer por semanas.
Pacientes não costumam apresentar alterações no exame físico, exceto por taquicardia e, em quadros mais graves, alterações na ausculta pulmonar, como estertores crepitantes, evidenciando a presença de infiltrados pulmonares.
Síndrome respiratória aguda grave:
- Quadro grave de influenza, que pode ser causado tanto por uma pneumonia viral quanto por associação com pneumonia bacteriana;
- Manifesta-se por:
- Taquipneia;
- Dispneia;
- Estertoração pulmonar e sibilos;
- Dor pleurítica;
- Dor abdominal;
- Pode apresentar manifestações hemorrágicas.
Fatores de risco para evolução desfavorável:
- Portadores de doença pulmonar crônica (asma, DPOC, fibrose pulmonar e outros);
- Portadores de insuficiência cardíaca;
- Portadores de doença renal crônica;
- Hepatopatas;
- Diabéticos;
- Obesidade mórbida;
- Imunossuprimidos;
- Extremos etários (> 65 ou < 5 anos, especialmente menores de 2 anos);
- Gestantes ou puérperas (até 2 semanas pós-parto);
- Portadores de hemoglobinopatias;
- Portadores de alterações metabólicas (ex.: mitocondriais) ou neurológicas (ex.: epilepsia, AVE, retardo mental);
- Uso crônico de ácido acetilsalicílico em < 19 anos (risco de síndrome de Reye ).
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Abordagem diagnóstica da influenza
Durante um surto de gripe, o diagnóstico clínico de gripe apresenta bom rendimento nos pacientes com < 65 anos, que não apresentam alto risco de complicação, que não requerem internação hospitalar e que já foram submetidos à avaliação para covid-19, dispensando qualquer exame complementar.
A possibilidade da confirmação do diagnóstico de influenza por testes laboratoriais tem importância não apenas para fins de vigilância epidemiológica como também para auxílio em situações individuais, para orientar a decisão de introduzir antivirais ou antimicrobianos em pacientes de risco, assim como nas medidas de controle de infecção associadas aos cuidados à saúde em ambiente hospitalar.
Mesmo fora do período de inverno, casos esporádicos não demandam detecção viral para influenza, dado o caráter autolimitado da infecção, salvo em vigência de síndrome respiratória aguda grave ou em casos de importância epidemiológica ou diagnóstico pandêmico.
Exames laboratoriais: hemograma completo, eletrólitos, função renal, função hepática, PCR, gasometria arterial e lactato. Indicados em casos de influenza ou suspeita de influenza com evolução para síndrome respiratória aguda grave, que demanda internação hospitalar. Pacientes com suspeita de encefalopatia devem ser submetidos à punção lombar e pesquisa do vírus.
- Resultados:
- Hemograma pode evidenciar leucopenia com linfopenia e trombocitopenia (típicos de infecção viral);
- Gasometria arterial pode revelar hipoxemia nos casos de evolução grave.
Radiografia de tórax:
- Indicada em casos de influenza ou suspeita de influenza com alterações ao exame físico e/ou evolução para síndrome respiratória aguda grave;
- Pode indicar a presença de infiltrado pulmonar multifocal ou difuso em vidro fosco, padrão de infiltrado intersticial ou consolidação lobular ou segmentar, sendo impossível a distinção de pneumonia bacteriana.
Detecção viral:
- Com base no Guia de Vigilância Epidemiológica, do Ministério da Saúde, está indicada a coleta de secreção nasofaríngea (preferencialmente entre o terceiro e o sétimo dia do início dos sintomas) para detecção viral em todos os pacientes com suspeita de síndrome respiratória aguda grave (apresentando ou não fator de risco para complicações);
- O exame confirmatório para infecção por influenza é a RT-PCR ou a cultura de secreções de orofaringe, mas não estão amplamente disponíveis;
- Testes rápidos (QuickVue Influenza A+B®; ZstatFlu®) são comercializados atualmente e apresentam alta sensibilidade e especificidade.
Hemocultura: Deve ser solicitada em todo paciente com suspeita de síndrome respiratória aguda grave para diagnóstico diferencial com pneumonia bacteriana ou pelo risco de infecção bacteriana concomitante.
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