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Cirurgia5 junho 2023

A utilização de duas luvas cirúrgicas é necessária em cirurgias artroscópicas?

Estudo avaliou o impacto do ato de dar nós na integridade das luvas cirúrgicas na realização de cirurgia artroscópica.

Por Rafael Erthal

A prevenção de infecções durante procedimentos cirúrgicos é de grande importância, sendo a mão do cirurgião uma possível fonte de contaminação. Além da desinfecção das mãos antes da cirurgia, o uso de luvas cirúrgicas desempenha um papel fundamental na prevenção de infecções tanto para o paciente quanto para a equipe cirúrgica. Ela é um dos principais alicerces na garantia de condições assépticas e na redução da transmissão de microrganismos na sala de cirurgia.

Leia também: O efeito do ácido tranexâmico no reparo artroscópico do manguito rotador

Ao criar uma barreira entre as mãos do cirurgião e o campo cirúrgico, as luvas minimizam de maneira significativa o risco de contaminação e o surgimento de infecções. Portanto, a utilização adequada das luvas cirúrgicas continua sendo crucial para manter um ambiente cirúrgico seguro e estéril.

A utilização de duas luvas cirúrgicas é necessária em cirurgias artroscópicas?

Novo estudo

Estudos evidenciaram que a incidência de lesões nas luvas durante a artroscopia é significativamente menor do que durante cirurgias primárias e de revisões de artroplastia. No entanto, a taxa de danos nas luvas após o ato de dar nós cirúrgicos ainda carece de avaliações.

Um estudo recente buscou avaliar o impacto do ato de dar nós na integridade das luvas, com ênfase na sua relevância para a cirurgia artroscópica e, mais especificamente, no tratamento das lesões do manguito rotador.

Métodos

Foram investigadas as luvas que foram trocadas imediatamente antes da sutura e utilizadas apenas durante o ato de dar nós, avaliando sua integridade por meio de um teste de vedação com água conforme a norma EN455. Um total de 234 luvas provenientes de 40 artroplastias total de quadril (ATQ), 42 artroplastias totais de joelho (ATJ) e 36 reparos de manguito rotador (RMR) foram coletadas. Um teste de passagem bacteriana (TPB) foi realizado nas lesões das luvas simulando o uso de maneira estéril por três cirurgiões durante 45 minutos.

Resultados

Ocorreram danos nas luvas devido ao ato de dar nós em 25% das cirurgias de ATQ, 36,6% das cirurgias de ATJ e 25% dos RMR. Nas ATQ, a mão que realizava o nó foi afetada em 46,2%, e a área principal de dano (15,4%) foi identificada na ponta do dedo médio; nas ATJ, a mão que realizava o nó foi danificada em 75%, e nos RMR em 66,7%, sendo que a maioria das lesões (20% cada) ocorreu na ponta do dedo indicador e do dedo anelar. O TPB revelou a presença de Staphylococcus hominis e Bacillus cereus durante as avaliações.

Saiba mais: Infecção de sítio cirúrgico: o que devemos saber?

Conclusão e mensagem prática

Este estudo apoia que o ato de dar nós durante a cirurgia pode causar danos nas luvas, o que é especialmente relevante em cirurgias artroscópicas. O processo de dar nós cirúrgicos deve ser compreendido como um possível fator de impacto prejudicial para as luvas. Portanto, não é recomendado utilizar apenas uma luva em cirurgias artroscópicas, onde o uso de duas luvas ainda não é comum.

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Referências bibliográficas

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