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Infectologia23 abril 2025

Vacina contra Chikungunya: como funciona e quais as evidências? 

Neste artigo leia sobre os estudos que embasaram a aprovação da vacina contra Chikungunya aprovada pela Anvisa.

Chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus chikungunya (CHIKV) e transmitida por meio de vetores das espécies Aedes aegypti e A. albopictus, já foi causa de diversas epidemias nos últimos anos e sua emergência e reemergência ao redor do mundo é uma preocupação dos profissionais de saúde. 

Na maior parte dos casos, os quadros de Chikungunya são autolimitados. Entretanto, casos graves e óbitos já foram registrados e sintomas prolongados, que frequentemente diminuem qualidade de vida, são comuns. 

Até o momento, não há tratamento específico e as medidas preventivas baseiam-se em proteção individual e controle do vetor. Contudo, recentemente a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro definitivo de uma vacina contra a doença, desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica Valneva. 

Sobre a vacina 

A vacina VLA1553 é uma vacina de vírus vivo atenuado, de dose única, desenvolvida para ter como alvo todas as variantes circulantes de CHIKV. Os ensaios clínicos iniciais demonstraram segurança e um perfil de alta imunogenicidade, o que foi confirmado posteriormente em dois estudos principais de fase 3. 

O primeiro foi publicado em 2023 e avaliou a segurança e imunogenicidade em 4.115 participantes adultos saudáveis, que foram randomizados na proporção 3:1 para receber VLA1553 ou placebo. Indivíduos com história prévia de Chikungunya ou artralgia/artrite crônica ou imunomediada e que tivessem recebido qualquer vacina inativada nas 2 semanas anteriores ou qualquer vacina atenuada nas últimas 4 semanas anteriores à entrada no estudo foram excluídos. 

A análise de segurança incluiu 3.082 participantes no braço que recebeu a vacina e 1.033 no braço que recebeu placebo. A maioria era mulher e a mediana de idade foi de 45 anos. 

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Na população segundo o protocolo, a vacina mostrou-se imunogênica, com desenvolvimento de anticorpos neutralizantes em títulos considerados protetores em 98,9% dos indivíduos 28 dias após a vacinação e em 96,3% após 180 dias. Não houve diferença na taxa de soroproteção entre diferentes estratos de idade (18 – 64 anos vs. ≥ 65 anos). 

A vacina foi geralmente bem tolerada em todas as idades, com a maioria dos eventos reportados sendo classificados como leves ou moderados. Quase todos ocorreram nas primeiras 4 semanas após a vacinação. Os eventos foram mais frequentes no grupo que recebeu a vacina. 

O segundo estudo foi publicado em 2024 e foi conduzido no Brasil, incluindo adolescentes na faixa etária entre 12 e 18 anos. De forma semelhante ao estudo anterior, os participantes foram randomizados para receber uma única dose de VLA1553 ou placebo, mas na proporção de 2:1. 

A população total do estudo contou com 754 adolescentes, dos quais 502 receberam vacina e 252, placebo. A taxa de soroproteção para participantes que eram soronegativos na entrada do estudo foi de 98,8%. 

Assim como nos adultos e idosos, a vacina foi bem tolerada, com a maioria dos eventos adversos reportados sendo leve ou moderado, sendo mais frequentes no grupo que recebeu VLA1553 em comparação com o grupo placebo. Não houve nenhum óbito relatado. Também não houve diferença significativa no perfil de eventos adversos de acordo com estratificação por idade (< 15 anos vs. ≥ 15 anos). 

Vacina contra Chikungunya: como funciona e quais as evidências? 

Próximos passos para a vacina contra Chikungunya 

Com a aprovação do registro definitivo pela Anvisa, o novo imunizante pode ser aplicado em território nacional, em indivíduos com 18 anos ou mais. Para que seja incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), é necessário primeiro uma avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), considerando dados de segurança, eficácia e estudos de custo-efetividade.

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Referências bibliográficas

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