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Ginecologia e Obstetrícia29 maio 2024

Uso de repelentes durante a gestação

É importante lembrar que o Ministério da Saúde disponibiliza recurso para distribuição de repelentes na Atenção Primária.

As arboviroses são doenças virais transmitidas principalmente por artrópodes, como mosquitos e carrapatos. A palavra “arbovirose” deriva de “arbovírus”, que significa “vírus transmitido por artrópodes”. Essas doenças podem causar uma variedade de sintomas, desde febre até complicações mais sérias. 

Os principais vetores são os mosquitos, em particular, os gêneros  Aedes, Culex e Anopheles. Esses insetos se tornam portadores do vírus ao picar uma pessoa infectada e, subsequentemente, passam o vírus para outras pessoas durante suas picadas. 

As arboviroses mais comuns em ambientes urbanos são: dengue, chikungunya e zika, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. 

O controle das arboviroses é desafiador e requer esforços coordenados, incluindo medidas de prevenção, como a eliminação de criadouros de mosquitos, o uso de repelentes e a implementação de estratégias de controle vetorial. A vacinação também desempenha um papel fundamental no combate de algumas delas.  

Veja também: Hipertensão crônica na gravidez (HAC): qual o alvo da pressão arterial? 

Mulher grávida usando repelentes

Arboviroses e gestação

As arboviroses durante o ciclo gravídico-puerperal podem trazer consequências maternas e perinatais, incluindo a transmissão vertical e alterações morfológicas. 

Em relação à dengue, todos os sorotipos aumentam a produção de substâncias pró-inflamatórias, promovendo trombocitopenia e aumentando a permeabilidade vascular, fenômenos responsáveis por vários agravos à saúde materna.

Em decorrência da permeabilidade vascular comprometida, observam-se maior risco de choque, trombocitopenia e fenômenos hemorrágicos, agravados pelo aumento das quimiocitocinas pró-inflamatórias. As gestantes são consideradas um grupo de risco e de maior probabilidade de progredir para formas mais graves da doença e óbito.  

Qual repelente recomendado para uso na gestação? Algum específico contra o Aedes aegypti? 

Dentro das medidas preventivas, dentro ou fora da gestação, destacamos o uso de repelentes. 

O Ministério da Saúde recomenda três repelentes para o uso durante a gestação: N,N-DIETIL-META-TOLUAMIDA ou N,N-DIETIL-3-METILBENZAMIDA (DEET), o Hydroxyethyl isobutyl piperidine carboxylate (Icaridin ou Picaridin) e o Ethyl butylacetylaminopropionate (EBAAP ou IR3535). É importante seguir as recomendações dos fabricantes quanto ao seu uso, para que sejam seguros durante a gestação.  

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) não há, dentro das normas da Agência, qualquer impedimento para o uso dos repelentes por mulheres grávidas, desde que estejam devidamente registrados na Anvisa e que sejam seguidas as instruções de uso descritas no rótulo. 

O DEET (N-N-dietil-3-metil-toluamida) é a substância mais bem estudada e a mais encontrada no Brasil. Existem estudos em humanos e em animais que demonstraram segurança para uso na gestação.  O uso tópico do DEET não demonstrou resultados adversos em recém-nascidos e no seguimento até um ano de idade, quando comparados ao grupo que não usou a substância. 

Os repelentes à base de DEET (exemplo: OFF! Family®, Super Repelex®) encontrados no Brasil apresentam concentrações entre 11 e 15% e são indicados para uso acima de 12 anos. Seu tempo de ação é de cerca de 6 horas. 

Produtos com outros ativos repelentes também podem ser utilizados. Esses ingredientes, apesar de menos estudados, são reconhecidamente seguros. Apresentam baixa absorção sistêmica quando em uso tópico. A icaridina (exemplo: Exposis®), em concentrações de 20 a 25%, tem tempo de ação estimada de até 10 horas, e pode ser utilizada na gestação.  

Os repelentes naturais à base de citronela apresentam tempo de proteção muito curto, cerca de 20 a 30 minutos, por isso não são seguros para proteção da pele por um período prolongado. 

É importante lembrar que o Ministério da Saúde disponibiliza recurso para distribuição de repelentes na Atenção Primária, para as mulheres que são gestantes. Embora seja uma distribuição nacional, as arboviroses podem ser restritas em bolsões de maior vulnerabilidade social, atingindo mulheres com menos recursos financeiros.  

É importante também que as gestantes adotem outras medidas de proteção como manter portas e janelas fechadas ou com telas e usar calça e camisa de manga comprida. Por fim, é importante pontuar a necessidade de ações para erradicação dos vetores. Em um país como o Brasil, é necessário cobrar e estimular que a população e as políticas públicas busquem o controle e erradicação dos criadouros do mosquito.  

Leia mais: Amamentação prolongada pode reduzir chances de câncer hematológico em crianças 

A melhor maneira de usar repelentes de insetos 

  • Usar repelentes de insetos apenas quando necessário e conforme recomendado na bula; 
  • Lavar a pele com água e sabão quando não estiver mais exposto a insetos; 
  • Usar repelentes apenas na pele ou roupas expostas; nunca na pele por baixo das roupas ou em cortes ou pele irritada; 
  • Para aplicar o repelente no rosto, borrifar nas mãos e aplicar com moderação no rosto, evitando os olhos e a boca; 
  • Quando usar protetor solar, aplicar primeiro o protetor solar e depois o repelente de insetos; 
  • Lavar bem as mãos com água e sabão após a aplicação de repelente de insetos para reduzir a chance de entrar em contato com a boca. 
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Referências bibliográficas

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