O papel do nitrito na investigação de infecção urinária 

O teste de nitrito urinário é um componente antigo da tira reagente do exame de urina. Esse exame data de 1900 graças às descobertas de Robert Koch e foi associado pela primeira vez à infecção do trato urinário (ITU) em 1914. A urina normalmente contém nitratos como subprodutos residuais da proteína dietética. Um exame com nitrato positivo, indica a presença de bactérias redutoras de nitrato na urina.  

Nitrato positivo 

As bactérias que possuem a enzima nitrato redutase incluem os organismos mais comumente implicados na causa da ITU, ou seja, as espécies Escherichia coli e Klebsiella. No entanto, essa enzima está notavelmente ausente em outros patógenos urinários importantes, incluindo espécies de Acinetobacter e Enterococcus. Além disso, também é possível resultado falso negativo mesmo com patógenos que possuem a enzima, pois especula-se que os organismos devem permanecer na bexiga por aproximadamente 4 horas para produzir nitritos detectáveis.  

A grande questão a ser pensada é: a presença de bacteriúria, indicada por um teste de nitrito positivo, pode ajudar os médicos a decidir se devem iniciar antibióticos empíricos? 

A bacteriúria assintomática foi inicialmente reconhecida na década de 1950, mas o tratamento só foi discutido de forma prática a partir de 2005 com a publicação de uma diretriz da Infectious Diseases Society of America, a qual foi atualizada em 2019. A bacteriúria assintomática ocorre em adultos e crianças e é definida como a presença de 108 UFC/L ou mais em uma amostra de urina miccional sem sinais ou sintomas atribuíveis à ITU. Os critérios para o diagnóstico de ITU não são uniformes, mas quase todos concordam que é necessário haver sinais e sintomas compatíveis, resultados de urinálise e cultura. Quando os sintomas são vagos ou os pacientes não conseguem descrevê-los, os médicos geralmente usam os resultados do exame de urina para decidir se devem realizar o tratamento.  

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Considerações: papel do nitrito 

Dito isso, entendemos que o teste de nitrito urinário induz a confusão diagnóstica sem agregar valor em relação à decisão de tratar. Em um paciente sintomático com piúria significativa sem nitritos, o tratamento é necessário, pois pode haver um patógeno presente que não possui a enzima nitrato redutase. Por outro lado, em um paciente assintomático que não tem piúria e tem nitritos, o tratamento geralmente não é indicado, pois os nitritos podem ser produzidos por contaminantes na amostra de urina ou por bacteriúria assintomática.  

Em ambientes com recursos limitados, onde as culturas de urina e/ou microscopia não estão disponíveis, pode ser razoável usar o teste da tira reagente de urina para auxiliar no diagnóstico clínico, com ênfase na presença de piúria sobre nitritos urinários. 

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